Galamba acusa CDS de “assobiar para o lado” ao dizer que não há proposta sobre pensões

“O CDS está a ensaiar aquilo que ensaiou várias vezes nos últimos anos, que é fingir que não está no Governo, estando no Governo”, diz o secretário nacional do PS.

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Galamba diz que PS não está disponível para subscrever corte nas pensões Rui Gaudêncio

O CDS está “a assobiar para o lado” ao dizer que não há qualquer proposta sobre pensões, e o ministro Mota Soares está desconfortável com as palavras da titular da pasta das Finanças, que admitiu a possibilidade de medidas que incidam sobre as pensões, reduzindo as actuais, para garantir a sustentabilidade da Segurança Social. As acusações são do socialista João Galamba, que comentou assim a troca de declarações entre membros do Governo, e voltou a lembrar que o PS não está disponível para subscrever aquela hipótese de corte nas pensões.

“Parece-me evidente que o CDS está a assobiar para o lado e a fingir que não sabe que há um documento do Governo, o Programa de Estabilidade [2015-2019], que foi enviado para Bruxelas”, disse ao PÚBLICO o secretário nacional do PS, referindo-se ao documento, no qual o Governo prevê uma poupança de 600 milhões de euros em 2016 com uma reforma do sistema de pensões, embora não se saiba ainda como pretende fazê-lo.

No sábado, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou ser “honesto dizer aos portugueses que vai ser preciso fazer alguma coisa sobre as pensões para garantir a sustentabilidade da Segurança Social”, admitindo o cenário de reduzir as actuais.

Nesta segunda-feira o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, o centrista Pedro Mota Soares, quis sossegar os ânimos, assegurando não estar nenhuma proposta em debate e que “qualquer alteração” nos sistemas públicos da Segurança Social deve ser debatida com “amplo consenso político”, ou seja, também com o PS.

Não são, porém, as palavras da ministra das Finanças que o membro do secretariado nacional do PS não entende, mas as do ministro Mota Soares. “O Programa de Estabilidade e Crescimento é um documento oficial do Governo que foi enviado a Bruxelas e que vincula todo o Governo. O senhor ministro pode não estar confortável com as palavras de Maria Luís Albuquerque, mas a ministra limitou-se a dizer o que já era público e já se sabia”, afirmou, referindo-se ao "corte" de 600 milhões de euros.

“O CDS está a ensaiar aquilo que ensaiou várias vezes nos últimos anos, que é fingir que não está no Governo, estando no Governo. Mas é um jogo que já não funciona, aliás, nunca funcionou”, criticou o secretário nacional do PS.

Cortes não melhoram Segurança Social
João Galamba, um dos 12 economistas que elaborou o cenário macroeconómico do PS, faz ainda questão de sublinhar que o seu partido “rejeita categoricamente esta medida de corte de pensões” e que “cortes na Segurança Social não melhoram a [sua] sustentabilidade”. O que o PS propõe vai no sentido “contrário” e passa, explica, por “investimento no emprego, desenvolvimento económico e combate à precariedade que causaram problemas à Segurança Social nestes anos”.

“A austeridade, o desemprego, a emigração, a queda dos salários, a precariedade retiraram 8 mil milhões de euros à Segurança Social nos últimos anos. O PS quer inverter este cenário que causou este rombo na Segurança Social”, afirma Galamba.

A polémica em torno das pensões e da sustentabilidade da Segurança Social tem vindo a arrastar-se e promete ser um dos temas quentes da campanha para as eleições legislativas que se avizinham.

Depois de, no sábado, Maria Luís Albuquerque ter afirmado que a sustentabilidade da Segurança Social pode passar por reduções nas actuais pensões, se tal significar uma melhor redistribuição do esforço, a reacção dos socialistas não tardou: “É um sinal que o Governo nada de novo tem a dizer. Como tem dito o primeiro-ministro, os portugueses sabem com o que podem contar com a coligação de direita: novos cortes nas pensões, arrastar esta incerteza permanente”, reagiu no dia seguinte o líder do PS, António Costa.

Na semana passada, a ministra das Finanças remeteu para depois das eleições o desenho da reforma de pensões, que o Governo pretende que traga poupanças de 600 milhões de euros, voltando a chamar o PS para o debate.


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