Ex-secretário-geral da UGT alerta para risco de desemprego elevado

João Proença participou nas jornadas do PSD mas escusa-se a revelar se tem apoio do partido para presidir ao CES.

Foto
João Proença foi questionado sobre se também considera que o país está diferente do que era em 2011, partilhando o que disse António Costa Carlos Lopes

A plateia social-democrata que assistia ao segundo dia das jornadas parlamentares do PSD ouviu uma voz em contracorrente ao discurso oficial optimista sobre a economia portuguesa. O ex-secretário-geral da UGT, João Proença, veio alertar para um “risco sério” de estabilização do desemprego em “níveis elevados”.

“Hoje há um risco sério: um crescimento reduzido, a deflação, o envelhecimento da população podem originar uma estabilização do desemprego em níveis elevados criando um problema social muito grave. Nada está garantido que nós não podemos continuar na situação com que nos confrontamos desde o início dos anos 2000, ou seja, uma situação de crescimentos bastante reduzidos que não são suficientes para diminuir o nível de desemprego", afirmou o assessor da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

No final da intervenção, João Proença foi questionado sobre se também considera que o país está diferente do que era em 2011, partilhando o que disse o líder socialista António Costa. “Digo que o país está melhor, os portugueses estão pior, com este nível de pobreza e desigualdade”, respondeu. Dentro da sala, o antigo dirigente da UGT alertou para a situação financeira das empresas portuguesas, alegando que “são as menos capitalizadas da Europa” e que “muitas estão em forte risco de falir” por dificuldades de acesso ao crédito. Um discurso em contraste com o do líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, e até do próprio primeiro-ministro que realçou o crescimento económico “são”, que não está a ser feito à custa de endividamento. Passos Coelho referiu mesmo que “hoje muitas empresas conseguem aceder a financiamento que não conseguiam há um ano ou dois”.

João Proença constava do programa das jornadas como assessor da AICEP, mas assumiu que participou a “título pessoal”. Indicado pela UGT para substituir Silva Peneda na Presidência do Conselho Económico e Social, o sindicalista manifestou já a sua disponibilidade para ocupar o cargo. Questionado sobre se a participação nas jornadas do PSD é um sinal de apoio da maioria para a função, Proença disse ter apenas ter sido convidado a participar. “Não falei com o PSD”, assegurou.

As jornadas parlamentares do PSD, as últimas antes do fim da legislatura, tiveram uma agenda muito voltada para o sector exportador da economia, que Luís Montenegro considerou útil para os deputados. Mas, durante a tarde de segunda-feira e a manhã desta terça, a sala esteve muitas vezes vazia. E só encheu para ouvir os mais altos dirigentes do PSD. 

Sugerir correcção
Comentar