Exploração de minério na rota de Portugal na Venezuela

Lisboa não confirma êxodo de portugueses ou luso-descendentes devido às dificuldades que afectam o regime de Caracas.

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Delcy Rodriguez, ministra dos Negócios Estrangeiros, com o homólogo português, Augusto Santos Silva Enric Vives-Rubio

A exploração de minério é uma das novas portas abertas para os interesses de Portugal na Venezuela, foi esta sexta-feira admitido, em Lisboa, pelos chefes da diplomacia de ambos os países na conclusão da 10.ª reunião de acompanhamento que decorre desde quinta-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

“A crise actual teve como origem a dependência da nossa economia do petróleo”, disse Delcy Rodriguez, ministra dos Negócios Estrangeiros venezuelana. O sector mineiro é um dos 15 no qual aposta o regime de Nicolas Maduro para superar as actuais dificuldades.

“Estamos a abandonar o modelo [baseado na exploração] do petróleo a favor da economia produtiva”, continuou a ministra. “Está por confirmar termos a maior reserva do mundo em ouro”, revelou.

Apesar de não terem sido concretizados projectos, no Palácio das Necessidades falou-se, durante dois dias, de 109 iniciativas, para além do petróleo: a indústria, ainda que não tenha sido especificada a área, e a exploração madeireira estiveram na agenda.  “Iremos ver em concreto quais são os sectores”, disse o secretário de Estado da Internacionalização, João Oliveira, depois de anunciar uma visita sua à Venezuela com empresários portugueses, até ao fim do corrente ano ou no princípio de 2017.

“Continuamos optimistas quanto ao potencial das relações entre Portugal e Venezuela, que foi um destino muito importante quando as empresas portuguesas procuravam novos mercados e estamos dispostos a apoiar os esforços da Venezuela na diversificação da sua economia”, acentuou o secretário de Estado. João Oliveira admitiu, também, haver no horizonte uma solução quanto aos pagamentos pendentes a empresas portuguesas na Venezuela e a interesses venezuelanos em Portugal. Quanto aos primeiros, sem levantar o véu por motivos diplomáticos, o secretário de Estado referiu a conversão de créditos em capital.

“A América Latina é uma prioridade da política externa portuguesa, temos excelentes relações com todos os países da zona, mas há laços especiais que nos unem à Venezuela”, sintetizou o chefe da diplomacia de Portugal. “Há uma numerosa e muito bem integrada comunidade portuguesa, cerca de meio milhão de pessoas, sobretudo com actividade na área do comércio”, recordou Augusto Santos Silva.

“A grande maioria desta comunidade reside na Venezuela há várias gerações e não temos informação de qualquer movimento que pudesse ser considerado anormal”, continuou, desmentindo qualquer êxodo de portugueses ou luso-descentes daquele país devido à actual crise económica. Neste ponto, Santos Silva foi acompanhado pela sua homóloga Delcy Rodriguez.

A ministra de Caracas desmentiu, por fim, que o seu Governo esteja a impedir a convocação de um referendo para demitir o Presidente Nicolás Maduro. “Não se está a impedir nada, conforme o que está nas normas que regem este mecanismo, conforme o que está no regulamento e conforme a experiência passada, não é possível que o referendo se realize ainda este ano, porque a oposição venezuelana, devido às suas próprias divisões internas, não fez a recolha das assinaturas necessárias no momento em que o deveria ter feito, em Janeiro deste ano”, disse.

A chefe da diplomacia venezuelana acusou, ainda, os meios de comunicação internacionais de desconhecerem a realidade do seu país e responsabilizou o sector privado de distribuição dos problemas de abastecimento de bens essenciais na Venezuela.

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