Eurodeputados do PS e BE criticam Moedas em debate em Estrasburgo sobre Europa 2020

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Carlos Moedas Fernando Veludo/nFACTOS

Os eurodeputados Carlos Zorrinho (PS) e Marisa Matias (Bloco de Esquerda) teceram duras críticas ao comissário europeu designado por Portugal, Carlos Moedas, durante um debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, sobre o programa "Horizonte 2020".

A assembleia debateu esta terça-feira, com a ainda comissária da Investigação e Ciência, Maire Geoghegan-Quinn, a insuficiência das dotações de pagamento para o programa-quadro de investigação e inovação da UE, Horizonte 2020, face aos cortes preconizados pelo Conselho (Estados-membros), e, apesar de só assumir previsivelmente as funções de comissário em Novembro, Carlos Moedas esteve na mira das intervenções dos deputados do PS e Bloco.

Zorrinho, líder da delegação do PS ao Parlamento Europeu, lembrou que a componente do "Horizonte 2020" associada à Investigação, Ciência e Inovação terá na próxima Comissão como responsável o português Carlos Moedas, que "conhece bem o que é cortar os financiamentos na Ciência, na Investigação e na Inovação".

"O Governo de que fez parte nos últimos três anos reduziu de forma brutal o investimento público em ciência e inovação e reduziu em mais de 50% as bolsas de investigação", com efeitos muitos negativos, disse o socialista, acrescentando que só recorria ao exemplo português porque é "um exemplo concreto" do que pode acontecer ao nível europeu.

"Acredito que o novo comissário não quererá repetir na Comissão Europeia as políticas de que foi cúmplice no seu país. Garantir o pagamento atempado dos compromissos assumidos é a sua primeira prova de fogo. Aqui se verificará o seu peso junto de Jean-Claude Juncker e da nova comissária para o Orçamento", Kristalina Georgieva, sustentou.

A intervenção de Zorrinho mereceu uma interpelação do eurodeputado social-democrata José Manuel Fernandes, que apontou ao antigo secretário de Estado da Inovação a "menor execução" do programa científico da UE durante o Governo socialista de que fez parte, tendo a mesa da assembleia observado que este era "um debate nacional".

Na sua intervenção, Marisa Matias teceu duras críticas aos cortes defendidos pelo Conselho, afirmando que este "perdeu já o horizonte antes de 2020", e comentou que, de Portugal, a instituição europeia que junta os governos dos 28 tem "boas notícias", com a escolha de Carlos Moedas para a pasta que gere o programa-quadro de investigação.

"O próximo comissário é perito em cortes cegos, estrangula universidades, estrangula centros de investigação e, aliás, tem mesmo uma medalha de mérito pela troika, e isso é uma óptima notícia para o Conselho, apesar de ser uma péssima notícia para os investigadores", disse.

Por fim, João Ferreira, do PCP, não se referiu a Carlos Moedas na sua intervenção em plenário, mas, além das duras críticas ao Conselho da UE, também apontou que vários países, "entre os quais Portugal, comprimiram fortemente o investimento" nesta área, e lamentou que o programa seja sobretudo em benefício dos países mais poderosos.

Carlos Moedas encontra-se em Estrasburgo estabelecendo contactos informais com eurodeputados antes do arranque das audições a que se submeterão todos os comissários europeus indigitados. O comissário português responderá perante a comissão parlamentar de Indústria, Investigação e Energia, da qual fazem precisamente Zorrinho, como membro efectivo, e Marisa Matias e João Ferreira, como suplentes.

 

Supervisor confiante em Moedas

O supervisor das audições do Parlamento Europeu aos comissários indigitados, Jerzy Buzek, antigo presidente da assembleia, disse em Estrasburgo esperar um bom desempenho de Carlos Moedas no exame perante a comissão de Investigação.

Além de supervisionar todo o processo de audições aos comissários indigitados da Comissão Juncker, enquanto presidente da Conferência dos presidentes das comissões, Buzek preside também à comissão parlamentar de Indústria, Investigação e Energia, aquela perante a qual decorrerá a audição de Moedas.

"Estou certo que estará bem preparado. Sim, claro que já ouvi falar dele, e penso que irá ser uma audição boa e positiva, é essa a minha expectativa", disse Buzek à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu que decorre em Estrasburgo.

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