Estatutos podem desempatar direcção do BE a favor de Semedo e Martins

Uma alteração estatutária, introduzida pela lista de Pedro Filipe Soares, prevê que a Comissão Política reflicta a “proporcionalidade” do resultado obtido pelas diferentes moções. Essa pode ser a chave para o desempate para a Mesa Nacional.

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Enric Vives-Rubio

A primeira reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, após a convenção, está prevista para o próximo fim-de-semana e promete ser animada. As duas listas principais estão rigorosamente empatadas. Duas outras listas, com representações menores no órgão máximo do partido, podem ser decisivas para o desempate. Mas o problema que a aritmética colocou à política interna bloquista pode ser ainda mais complexo…

É que não basta, por exemplo, que a lista encabeçada por Pedro Filipe Soares faça um acordo com as duas representações minoritárias para desempatar a seu favor. Segundo os novos estatutos do Bloco, a Comissão Política, órgão dirigente que elege os coordenadores (os líderes visíveis do partido), deve reflectir “a proporcionalidade dos resultados eleitorais das diferentes moções”. E aí, embora por escassos oito votos, a moção subscrita pelos actuais coordenadores, Catarina Martins e João Semedo, saiu vitoriosa na convenção.

A diferença de oito votos é demasiado pequena para se traduzir numa diferença de eleitos para a comissão política. Mas o princípio de que a direcção deve sair da moção vitoriosa será defendido pelos elementos afectos à actual direcção.

Nessa moção, que venceu, afirma-se, também, que a liderança do partido deve ser paritária. Luís Fazenda, fundador e um dos principais apoiantes da moção de Pedro Filipe Soares, afirmou, na Convenção, que o modelo de liderança é omisso nos estatutos. Tem razão. Mas a moção vencedora aponta para uma liderança a dois, limitando a legitimidade de qualquer outra solução unipessoal ou não paritária: “A coordenação é paritária e, à luz da experiência dos últimos dois anos, terá funções diferenciadas. Se a lista apresentada por esta moção for a mais votada, a coordenação será desempenhada pelos seus dois primeiros membros.”

Ao PÚBLICO, João Semedo não antecipa o que pode sair da primeira reunião da Mesa Nacional, mas deixa um recado:  "O convite que fiz à Mesa Nacional eleita foi para reflectirmos sobre os resultados da Convenção e não para a sua subversão ou adulteração, o que certamente contaria com a oposição de todos os dirigentes eleitos.”

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