Esquerda aprova audições a Barroso e Portas sobre Iraque

O ex-Presidente da República Jorge Sampaio e o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Martim da Cruz também foram chamados ao Parlamento.

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Durão Barroso será chamado a Lisboa AFP PHOTO / GEORGES GOBET

O PS, o BE e o PCP aprovaram esta terça-feira as audições parlamentares ao ex-primeiro-ministro Durão Barroso e ao antigo ministro da Defesa, Paulo Portas, a propósito da participação de Portugal na intervenção militar no Iraque em 2003 e da famosa Cimeira das Lajes, que reuniu nos Açores o Presidente norte-americano George W. Bush e três primeiros-ministros, o britânico Tony Blair, o espanhol José Maria Aznar e o português Durão Barroso. “Ou o Iraque desarma ou é desarmado pela força”, avisou George W. Bush nesse dia.

O requerimento, proposto pela bancada comunista, foi aprovado na Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros pelos partidos da esquerda e teve os votos contra do PSD e CDS. Os dois antigos governantes só podem responder se comparecerem no Parlamento (e não podem responder por escrito), mas não são obrigados a fazê-lo por já não terem responsabilidades políticas ou cargos públicos. Essa obrigação só era efectiva caso se tratasse de uma comissão parlamentar de inquérito.

Por iniciativa do PS, foi também aprovada a audição de António Martins da Cruz, então ministro dos Negócios Estrangeiros. O PSD propôs ainda a audição do Presidente da República à data, Jorge Sampaio, iniciativa que também foi aprovada na mesma reunião.

“Queremos confrontar os dois governantes pela responsabilidade que tiveram” na intervenção militar no Iraque, afirmou aos jornalistas João Oliveira, no final da reunião da comissão de Negócios Estrangeiros. O requerimento do PCP surge na sequência do relatório Chilcot, divulgado na passada semana no Reino Unido, que concluiu que “as informações que indiciavam a existência de armas de destruição maciça no Iraque eram falsas” e que levou Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico a pedir desculpas. O relatório afirma, também, que Saddam Hussein “não apresentava qualquer ameaça à paz naquela altura” e que o governo britânico optou pela solução militar antes de esgotar todas as outras vias de resolução do conflito, como se lê no requerimento comunista. 

Com esta iniciativa, o PCP também pretende que “no futuro esta situação de guerra contra Estados soberanos não se repita”, segundo o deputado comunista. 

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