Energia e infra-estruturas na agenda de Portugal para o Irão

Passos Coelho foi convidado a visitar oficialmente Teerão pelo chefe da diplomacia iraniana.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão reuniu-se em Lisboa com Rui Machete Enric Vives-Rubio

A cooperação no sector energético, nas infra-estruturas e construção foi um dos temas do encontro esta quarta-feira, em Lisboa, do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros com o seu homólogo iraniano.

À margem da agenda bilateral, Rui Machete e Javad Zarif passaram em revista a situação na Síria e no Iémen e fizeram um ponto da situação das negociações sobre o programa nuclear iraniano.

“As nossas relações são mais longas que a vida de muitas Nações”. Foi desta forma que o chefe da diplomacia de Teerão enquadrou os 500 anos de relacionamento de Portugal com o seu país. Uma relação de cinco séculos que conheceu diversos andamentos. “Uma troca de contactos mais intensa nos últimos três meses”, disse Zarif. “Foi há três meses [final de Janeiro] que estive no Irão com uma delegação empresarial portuguesa”, recordou Machete.

“O Irão é um grande mercado”, disse o ministro português. Os iranianos estão particularmente interessados nas energias renováveis, aliás o sector fotovoltaico esteve representado na delegação empresarial portuguesa de Janeiro último, na construção e nas infra-estruturas. Também houve contactos exploratórios na área da aviação e na indústria de moldes, fundamental para a indústria automóvel iraniana. Finalmente, no sector alimentar houve resultados positivos nas frutas e os primeiros contactos da indústria avícola portuguesa com um mercado de grande consumo deste tipo de carne.

“O estado das nossas relações é bom com tendência a melhorar”, admitiu Rui Machete. O ministro português não falava, apenas, do diálogo bilateral, mas de um horizonte mais vasto, tendo citado expressamente a cooperação com a América Latina. Por seu lado, Javad Zarif referiu-se, especificamente, às possibilidades de cooperação em África.

“Tive o privilégio de me encontrar com o primeiro-ministro de Portugal e esperamos, em breve, uma sua visita a Teerão”, anunciou o ministro iraniano. Será o culminar de uma actividade diplomática que já levou o secretário de Estado da Cultura ao Irão e a receber o seu homólogo em Lisboa, que foi iniciada com a delegação empresarial portuguesa de Janeiro passado retribuída com a estada de menos de 24 horas de Zarif.

“Com o acordo sobre o programa nuclear iraniano abre-se uma nova fase de abertura do Irão à Europa e ao Ocidente”, disse Machete. É no âmbito desta negociação de Teerão com os Estados Unidos que deverá estar concluída em finais de Junho, que se perspectiva o desenvolvimento das relações entre Portugal e o Irão. No entanto, os chefes das duas diplomacias identificaram pontos de vista comum no combate ao terrorismo e ao tráfico de droga.

“Que o Irão influencie uma cultura de tolerância na região, cabe aos iranianos um papel muito importante, depois da batalha militar será a conquista das mentes”, disse o ministro português referindo-se, concretamente, à situação na Síria, no Iémen e às perseguições das minorias. “Vivemos uma oportunidade histórica, há uma oportunidade única, temos muito trabalho para, os desafios do terrorismo e do tráfico de droga”, concordou o responsável do Irão.

Javad Zarif defendeu soluções políticas para o Iémen e para a Síria, mas admitiu uma divergência quanto ao futuro deste último país: “Se, uma vez pacificada a Síria, o presidente Bashar-al Assad deve ou não participar na solução”.

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