Emigração não é mito urbano mas sim a "realidade", diz Costa

Líder do PS acusa Governo de estar a festejar números que demonstram “o fracasso que foi a política nos últimos anos”.

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António Costa Daniel Rocha

O secretário-geral socialista disse nesta terça-feira, em Santarém, que o Governo foi, “de repente, atacado colectivamente por uma epidemia de desmemorização” e que está a festejar números que demonstram “o fracasso que foi a política nos últimos anos”. António Costa respondeu ainda à polémica do momento, dizendo que a emigração não é um mito urbano mas sim a realidade.

Costa visitou a Feira Nacional da Agricultura, que decorre até domingo no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, poucas horas depois de o ministro da Economia, Pires de Lima, ter afirmado, no mesmo espaço, que os agricultores “dispensam políticos tristes” e que esperam um discurso de confiança e de esperança.

O líder socialista assegurou que a recepção que teve na Feira de Santarém foi “muito boa” e que “não há motivo para tristeza”, mas sim para verificar como o trabalho de vários anos “de semear permite colher bons resultados de investimento na agricultura”.

Costa disse que Pires de Lima ”já não se lembra bem do estado em que a economia tem estado” e que os números que o Banco de Portugal divulgou na segunda-feira e que o Governo tem “festejado muito” apenas “demonstram o fracasso que foi a política nos últimos anos”.

“O que o Banco de Portugal veio dizer foi que só em 2017 é que recuperaríamos o estado da economia portuguesa em 2008. Isto demonstra bem o quanto andámos para trás. Chegámos ao fim de 2014 quinze anos para trás. As previsões que o Governo agora festeja muito optimista vêm dizer que, se tudo corresse como o Governo desejava, em 2017 estaríamos ao nível de 2008”, afirmou.

O secretário-geral do PS afirmou que uma mudança de política vai poder “ajudar a relançar a economia, a criar emprego e a chegar a 2017 com níveis de crescimento da economia superiores àqueles que assentam na previsão do Banco de Portugal”.

Para Costa, só com a criação de emprego será possível devolver a confiança à economia.

“Todo este esforço enorme que os agricultores portugueses estão a fazer, de investimento na sua produção, precisa de consumidores e os consumidores precisam de rendimento. Por isso é fundamental o que temos dito, de que a grande meta para os próximos anos é emprego, emprego, emprego, porque o emprego é condição de tudo e também do desenvolvimento da nossa agricultura”, declarou.

Emigração é a “realidade”
O líder socialista afirmou que aquilo a que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, chamou na segunda-feira um “mito urbano” foi “infelizmente uma realidade para mais de 400.000 portugueses”.

“Em 2013 emigraram tantos portugueses como os que tinham emigrado em 1965. É preciso andar 50 anos para trás para termos um ano onde essa realidade terrível que é este novo ciclo de emigração tenha ocorrido”, afirmou.

Costa referiu ainda que o programa de Governo do PS tem “uma meta muito ambiciosa fixada”, que é a de alcançar a auto-suficiência alimentar, “que é um sonho secular” do país possível de concretizar desde que se articulem as dimensões competitiva e de pequena dimensão da agricultura portuguesa.

Frisando que a agricultura representa já 20% das exportações nacionais, o líder socialista disse ser necessário “acelerar os fundos comunitários” e investir no programa de regadio para melhorar a competitividade e a capacidade exportadora, bem como apostar na pequena agricultura, cujo “enorme potencial está por aproveitar”.

Costa lembrou o “grande investimento” no regadio feito no Alqueva, que resultou "da ousadia” de um Governo socialista.

“Não há razões para olharmos com angústia para este sector”, disse, afirmando que, no próximo ano, quando voltar a visitar a feira, constatará “o sucesso” das primeiras medidas do programa socialista e o bom ritmo da execução dos fundos comunitários.

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