Embaixador americano chamado às Necessidades

Governo português manifesta desagrado com arranque de processo de rescisões na Lajes.

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Rui Machete defendeu-se ontem na comissão parlamentar invocando "propósito de apaziguamento" miguel manso

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chamou e recebeu esta quarta-feira no Palácio das Necessidades o embaixador americano em Lisboa, Robert Sherman.

O encontro deu-se dois dias depois da Força Aérea dos EUA ter notificado oficialmente a comissão de trabalhadores da Base das Lajes da intenção de redução, ou seja, iniciando o processo de rescisões. Robert Sherman foi recebido, não pelo ministro Rui Machete, mas pelo director-geral de Politica Externa, Francisco Duarte Lopes. Este tipo de iniciativa diplomática é a forma através da qual, geralmente, um Governo sinaliza o seu desagrado em relação a outro Estado.

A notificação americana foi entregue na segunda-feira à noite e no dia seguinte de manhã, de acordo com os órgãos de comunicação locais, a comissão já estava reunida com o comando norte-americano na base. O comando norte-americano anunciou a intenção de realizar três sessões de esclarecimento com os trabalhadores.

“A comissão de trabalhadores recebeu uma notificação oficial do Governo norte-americano para avançar com a redução”, confirmou o presidente da Comissão Representativa dos Trabalhadores portugueses na base (CRT), Bruno Nogueira.

Ao que o PÚBLICO apurou, a notificação não revela o número de despedimentos decididos pelos EUA. O documento entregue aos trabalhadores referia apenas os departamentos e categorias profissionais onde estes tencionam concretizar a redução.

Para Portugal, o problema que representa o arranque do processo de rescisões tem que ver com as expectativas em relação à próxima reunião da comissão bilateral, prevista para se realizar entre Maio e Junho. É que a intenção do lado português era precisamente negociar aí a forma e o número final de despedimentos.

Na última reunião que decorreu em Lisboa, a 11 de Fevereiro, ficou decidido que seria realizada uma reunião extraordinária, em Washington, precisamente para tratar exclusivamente da redução do ponto de vista das questões laborais.

Por isso mesmo, tinha sido acordado que os EUA suspenderiam todos os passos no sentido de avançar com as rescisões. A única iniciativa que o lado português aceitara que decorresse no intervalo de tempo entre as duas reuniões era o inquérito aos trabalhadores para apurar os que estavam disponíveis para uma rescisão por mútuo acordo.

O resultado do inquérito entretanto já realizado pelos norte-americanos sobre a intenção de rescisão por mútuo acordo com direito a indemnização revelou que 412 funcionários estavam disponíveis para negociar a sua saída. O inquérito abrangeu cerca de 90% da força de trabalho

A RTP avançava quarta-feria como certo o número de 455 postos de trabalho a serem suprimidos, invocando uma lista que circulava já pela Base das Lajes. Uma vez que trinta e cinco postos de trabalho a eliminar correspondiam a lugares não ocupados, seriam cerca de 420 os portugueses envolvidos num despedimento ou processo de rescisão por acordo.

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