Até às 16h votaram mais 300 mil portugueses do que nas legislativas de 2011

CNE divulga números da taxa de participação até às 16h, que atingiu os 44,38%. Em 2011, à mesma hora, tinham votado 41,98% dos eleitores inscritos.

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A taxa de participação está cima das últimas legislativas Nuno Ferreira Santos
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A taxa de participação está cima das últimas legislativas Adriano Miranda

Às 16h tinham votado mais de 4,2 milhões de pessoas, o que representa mais 300 mil votantes do que à mesma hora nas eleições legislativas de 2011. A taxa de participação revelada pelo Ministério da Administração Interna é de 44,38%, mais 2,4 pontos percentuais do que nas últimas eleições legislativas, quando a abstenção foi a mais alta de sempre. Apesar disto, a taxa de participação é mais baixa do que em 2005, as legislativas em que maior percentagem de pessoas foi às urnas nos últimos 13 anos. A notícia foi saudada por dois politólogos contactados pelo PÚBLICO. “Já foram batidos os mínimos, o que é muito bom face ao tédio desta campanha”, comentou um deles, José Adelino Maltês.

Às 12h tinham votado 20,65% dos eleitores inscritos, mas isso não fugia ao que costuma acontecer. Com os números apurados às 16h, já se passa algo diferente. A variação (entre os 41,98% e os 50,90%), ao longo dos últimos 13 anos, é muito maior do que às 12h e, embora se esteja a falar de apenas quatro actos eleitorais, pode ser detectada uma tendência ou, pelo menos, uma coincidência.

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Em 2011, quando foram batidos todos os recordes de abstenção em legislativas, às 16h tinham votado apenas 3.958.304 eleitores, ou seja, 41,98% dos inscritos, o valor mais baixo. E em 2005, quando a abstenção foi menor (nas eleições a seguir à dissolução da Assembleia da República por Jorge Sampaio e à queda do Governo liderado por Pedro Santana Lopes), já tinham ido às urnas, às 16h, 50,9% dos inscritos. Foi precisamente nesse ano que a taxa de participação registada em legislativas foi maior, neste período de 13 anos: 65,03% dos eleitores votaram.<_o3a_p>

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A preocupação com a abstenção voltou a marcar as vésperas das eleições e a participação às 16h surpreendeu agradavelmente José Adelino Maltês, que concluiu que, “apesar do cansaço do sistema político, as pessoas estão empenhadas em definir os seus destinos”. Também a investigadora e politóloga Marina Costa Lobo considerou a subida positiva.

“É muito bom para a democracia que a participação cresça. Estes números, que respeitam ao que está a acontecer no país e não incluem os votos dos emigrantes, mostram que quem ficou em Portugal está empenhado em compensar a eventual abstenção dos que tiveram de sair”, comentou, quando ouvida pelo PÚBLICO.

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Havia vários motivos para a preocupação. A chuva prevista para este domingo não falhou. Já o jogo de futebol que devia opor o União da Madeira ao Benfica, marcado precisamente para as 16h, foi adiado devido ao nevoeiro. O jogo entre o Braga e o Arouca está marcado para as 18h e o confronto entre FC Porto e Belenenses para um pouco mais tarde, às 18h15. O Sporting e o Vitória de Guimarães defrontam-se às 20h30.<_o3a_p>

É a primeira vez, em 40 anos de democracia, que há jogos da I Liga marcados para o dia das eleições legislativas, como fez notar no início de Setembro o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, João Almeida, que considerou a mistura “pouco sensata”. Neste sábado, Cavaco Silva referiu-se ao assunto, apelando a que os portugueses fossem às urnas, apesar do futebol e da chuva.<_o3a_p>

As preocupações com a abstenção prendem-se ainda com o factor “emigração”, a que se referiu Marina Costa Lobo. <_o3a_p>

Juntando os que saíram por menos de um ano (e que entretanto podem ter regressado) e os que partiram de forma permanente, emigraram, nos últimos quatro anos, 485.128 pessoas. Muitas delas encontraram dificuldades em votar devido a problemas de recenseamento; além disso, o Ministério da Administração Interna esqueceu-se de colocar “Portugal” no destino dos envelopes disponibilizados para o envio dos votos por correspondência, o que tornou incerta a sua chegada ao país.<_o3a_p>

Os dados relativos à abstenção em eleições legislativas disponíveis no sítio da Pordata mostram que tem havido algumas oscilações, mas a tendência é para o crescimento, independentemente deste tipo de circunstâncias. Logo de 1975 para 1976 a taxa de abstenção saltou dos 8,5% para os 16,7%. Baixou nos dois actos eleitorais seguintes, mas a partir de 1983 (em que a taxa foi de 22,3%) o aumento foi quase contínuo. A excepção ocorreu em 2002, em que se verificou uma descida não significativa, de 39,0% para 38,4%, que coincidiu com a realização de eleições antecipadas, pela demissão do primeiro-ministro socialista António Guterres. Depois, foi sempre a subir, até aos quase 42% em 2011.

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