Eleições europeias “não são umas primárias das legislativas”

Apresentação da lista Aliança Portugal contou com a presença de Passos Coelho e Paulo Portas, que se remeteram ao silêncio.

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Sérgio Azenha
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Em dia de apresentação da lista Aliança Portugal (PSD-CDS), Pedro Passos Coelho e Paulo Portas fizeram questão de ceder todo o protagonismo para as figuras principais de cada um dos partidos na candidatura conjunta ao Parlamento Europeu, Paulo Rangel e Nuno Melo.

Os líderes do PSD e CDS marcaram presença na sessão realizada neste domingo na Curia, Anadia, mas deixaram os discursos para os dois candidatos - e nem sequer prestaram declarações aos jornalistas. Nuno Melo (CDS) e Paulo Rangel (PSD) estiveram unidos nas críticas aos socialistas, acusando-os reiteradamente de terem levado Portugal à “bancarrota”.

“Estas eleições não são umas primárias das legislativas”, começou logo por afirmar Nuno Melo, acrescentando que o acto eleitoral do próximo mês de Maio é, acima de tudo, “a primeira oportunidade de os portugueses penalizarem os socialistas pela bancarrota que trouxeram para Portugal”. O candidato do CDS, que ocupa o quarto lugar da lista Aliança Portugal, acusou os socialistas de “desbaratarem o que Portugal não tinha, até sobrar apenas o dinheiro necessário para as despesas que o país tem de suportar durante um dia”, lembrando que, quando o Governo de José Sócrates negociou o programa de austeridade, havia em caixa 300 milhões de euros. Para o eurodeputado, votar agora no PS seria “beneficiar” o infractor.

O candidato do CDS aproveitou ainda a sessão para voltar perguntar a António José Seguro, líder do PS, se apoiará Martin Schulz, candidato dos socialistas europeus à presidência da Comissão Europeia. Depois de Schulz ter rejeitado a possibilidade de uma mutualização da dívida dos países submetidos ao programa de assistência financeira, e atendendo a que “essa solução é defendida por Seguro”, Nuno Melo quer saber se o líder socialista português “estará ao lado de Schulz ou não”.

Paulo Rangel também não poupou os socialistas, desafiando o principal partido da oposição a reconhecer os erros políticos dos governos de António Guterres e José Sócrates. “Estará o PS disponível para se comprometer a mudar de caminho, inverter as suas políticas e a deixar de falar em investimentos que criam mais dívida, mais endividamento e nos conduziram à bancarrota?”, questionou o cabeça-de-lista da Aliança. Coube também a Paulo Rangel apresentar algumas das propostas concretas da lista Aliança Portugal e que assentam em “projectos e políticas voltadas para o crescimento, criação de emprego e coesão social”. Entre as quatro prioridades definidas está a “criação do mercado único digital, que se poderá traduzir num ganho de 260 mil milhões de euros para a Europa”.

Outra das propostas da lista PSD-CDS passa por “completar o mercado único clássico de bens e serviços, que ainda está muito fragmentado”, referiu. Segundo Paulo Rangel, o pacote de medidas em que a coligação aposta “permite ganhar também, numa visão prudente, cerca 233 mil milhões de euros, e significa a criação de mais 2,5 milhões de postos de trabalho nos próximos sete a 10 anos”, em termos europeus.

No topo das prioridades da Aliança está também a instauração e aprofundamento de uma parceria transatlântica com os Estados Unidos da América, para o comércio e investimento, que “dará ganhos à economia europeia de mais de 100 mil milhões de euros”, e passará Portugal, em termos geopolíticos e geoeconómicos, “da periferia europeia para o centro das relações económicas e comercias entre a Europa e os Estados Unidos”. Paulo Rangel destacou, também, a proposta de integrar “ainda mais” os mercados de energia e de assegurar, em particular, o reforço da conexão da Península Ibérica com o resto do continente europeu.

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