É preciso mudar

O que está em causa nas eleições que se aproximam é uma escolha entre deixar tudo como está ou mudar o rumo da governação. Deixar tudo como está, no plano dos serviços públicos prestados aos cidadãos, significará realmente:

— Alimentar o radicalismo ideológico que orientou a governação nos últimos quatro anos. Com o pretexto da troika, assistimos ao desmantelamento de políticas essenciais para as pessoas e para o futuro do país, como os programas de formação de adultos (Novas Oportunidades) ou de modernização da administração (Simplex), apenas porque eram políticas públicas lançadas pelo Governo anterior;

— Aceitar como inevitáveis os cortes nas pensões e a destruição do sistema público de segurança social, através de medidas que criam incerteza e desconfiança sobre a sua sustentabilidade e o seu futuro. A privatização de uma parte do sistema público de pensões, que o Governo prepara através do mecanismo do plafonamento, não é necessária para a sua sustentabilidade, mas constitui uma ameaça real que colocará em risco as pensões de todos nós e transformará o sistema de segurança social num sistema caritativo mínimo para os mais pobres;

— Consentir no processo de degradação das instituições e dos serviços públicos sujeitos a condições de funcionamento que os impossibilitam de prestar serviços de qualidade. As Lojas do Cidadão, serviços de que todos nos orgulhávamos por serem bons exemplos de modernização administrativa, sofrem hoje de um congestionamento que ilustra bem a destruição provocada, por este Governo, na administração pública;

— Permitir que o sistema científico, construído com persistência ao longo dos 40 anos de democracia, continue a ser destruído, comprometendo o futuro do país e as expectativas de qualificação de centenas de jovens que ambicionam uma carreira no mundo da ciência. Nos últimos quatro anos assistimos ao encerramento de um terço dos centros de investigação, à redução drástica dos programas de formação avançada e de emprego científico e à consequente emigração de milhares de jovens qualificados;

— Desistir de melhorar os resultados escolares de todos os alunos e a qualidade do serviço público de educação. Nos últimos quatro anos, o insucesso escolar aumentou para valores iguais aos de 2004, milhares de alunos deixaram de poder aprender inglês, ficaram sem os programas de apoio ao estudo e sujeitos à instabilidade pedagógica gerada pela incompetência nos concursos de colocação de professores.

A coligação PSD/CDS apresenta-se nestas eleições sem verdadeiro programa eleitoral. Não vale a pena ter ilusões. A coligação nada apresenta porque o que tem para dar aos portugueses é o mesmo que já deu: destruição das instituições e empobrecimento do país. Quando se aproxima a hora de escolher, não é possível esquecer os últimos quatro anos. São eles que, desta vez, estão em avaliação na hora de votar. Não nos peçam para acreditar que os mesmos farão melhor.

 

Sugerir correcção
Ler 8 comentários