É o dinheiro, estúpido!

A “esquerda” e a “extrema-esquerda” têm um longo hábito de viver de esmolas.

António Costa ameaça o país com um governo PS, PC e Bloco. Manuela Ferreira Leite declara dramaticamente que Portugal está em pânico e, como boa representante da burguesia indígena, apela para Cavaco e Pedro Passos Coelho. Na televisão e nos jornais, toda a gente discute a legitimidade de Costa e soma com muito zelo votos com votos. Só não se fala no essencial e apetece berrar como Karl Rove: “It’s the economy, stupid”. A aventura de Costa não vai durar muito, nem trazer uma grande mudança à política como ela por aqui se entende. Mas as consequências do programa que ele pretende executar, ainda por cima corrigido pelo PC e o Bloco, podem ser fatais. Teodora Cardoso, João Salgueiro, Medina Carreira e João César das Neves já avisaram. Não serviu de nada.

Aumentar o consumo doméstico com dinheiro público é a melhor receita para o empobrecimento geral e para a bancarrota. Tanto mais que a situação da economia e das finanças, embora um pouco melhor do que em 2011, continua fluida e atada com fios. Qualquer pequeno incidente doméstico ou internacional é o bastante para a deitar abaixo. Costa não tem dinheiro para cumprir as suas promessas, nem as que fará à dúbia “esquerda”, que anda hoje a cortejar. E isto se não houver obstrução do parlamento a medidas que o PS pretenda tomar e os puros santinhos do Bloco e do PC considerem excessivamente autoritárias. Para a minha geração a guerra entre o PS e a “direita” é uma história velha; uma história de erros, de mentiras e pura falta de vergonha.

António Costa julga que se for dizer à imprensa internacional e a Bruxelas que, no fundo, no fundo, ele é um menino bem comportado, temente à Europa e pronto a cumprir as regras ganhará por isso a confiança dos credores. Não percebe, como não percebe quase tudo, que os credores não querem saber de palavras, querem saber de números. E que, de tudo o que Costa lhes disser, e eles fingirão ouvir com amabilidade, só dois nomes verdadeiramente pesam: PCP e Bloco de Esquerda. A “esquerda” e a “extrema-esquerda” têm um longo hábito de viver de esmolas. Mas não devem presumir que os senhores de Bruxelas partilham a mesma educação ou se regem pela mesma torpe complacência que os portugueses têm com os portugueses. O dinheiro é que vale.

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