“É crueldade” Passos lamentar não ter baixado custos de trabalho, critica Catarina Martins

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Catarina Martins (BE) não acredita no plano Juncker Daniel Rocha

Pedro Passos Coelho lamentou-se há um mês que nestes quatro anos fez quase todas as reformas que queria, excepto uma: a que permitiria baixar os custos do trabalho para as empresas. Catarina Martins foi agora buscar essas declarações para criticar a acção do Governo na redução de salários e dos direitos laborais dos portugueses.

Lembrando que os custos do trabalho em Portugal são hoje “metade dos da vizinha Espanha”, Catarina Martins considera que o discurso de Passos Coelho é “mais que descaramento": "Isto é uma crueldade que não podemos aceitar."

“O Governo finge que não fez o que fez (baixar salários) e finge que não quer fazer o que realmente quer fazer (continuar a baixar salários)”, apontou a bloquista sobre o “momento meio absurdo” que se vive na governação. “Sobre o que se fez ao emprego em Portugal nestes quatro anos, é bom lembrar as duas palavras de Paulo Portas: ‘missão cumprida’”, afirmou Catarina Martins, num jantar-comício com militantes do Bloco para assinalar as jornadas parlamentares, na Charneca de Caparica.

“Descer salários? Missão cumprida. Tornar todos os empregos em precários? Missão cumprida. Fazer o estado pagar estágios em empresas privadas? Missão cumprida. Mesmo depois desta missão estar cumprida não desistem”, insistiu a porta-voz usando com ironia uma expressão de Paulo Portas. Catarina Martins realçou que nos últimos três anos os novos empregos provocaram um “abaixamento brutal dos salários” e que a média não vai além dos 500 euros líquidos. “O Governo conseguiu que o salário médio ficasse quase igual ao salário mínimo nacional.”

Além disso, salientou a porta-voz bloquista, é preciso somar a este cenário ("meio milhão de postos de trabalho destruídos, 300 mil pessoas que emigraram à procura de emprego, 700 mil desempregados que não têm direito a subsídio") o facto de todos os empregos que se têm criado nos últimos anos serem quase todos precários. A grande maioria são estágios e o Estado paga subsídios às empresas para contratarem estagiários, que acabarão por não ficar na empresa.

Catarina Martins defendeu que Portugal tem um “duplo emprego” no que diz respeito ao emprego: “O emprego que falta e o mau emprego que temos - um emprego cada vez mais precário e mais mal pago. Um emprego que se foi precarizando a cada dia.” Classificando a falta de qualidade do emprego como um “drama silencioso”, Catarina Martins socorreu-se de termos de gestão para ironizar: “Também sabemos como a direita e os comentadores se foram apropriando da linguagem: já não se fala de trabalhadores mas colaboradores; as empresa não fecham, deslocalizam; não há despedimentos, há ajustamentos. E toda esta alteração da linguagem faz com que seja hoje mais difícil falar da qualidade do emprego.”

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