Director de Informação da rádio pública põe lugar à disposição da administração

Administração da RTP tinha pedido a exoneração de Fausto Coutinho, mas a ERC chumbara essa pretensão por falta de justificação. Equipa de Gonçalo Reis já aceitou a demissão do director.

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Madrugadas na Antena 1 deixaram de ter animador Fernando Veludo/N Factos

O director de Informação da rádio pública, Fausto Coutinho, colocou esta quarta-feira o seu lugar à disposição da administração depois de uma espécie de braço-de-ferro com a equipa de Gonçalo Reis, que pedira à ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social a sua exoneração, mas a vira chumbada.

O impasse que estava criado na RTP, mais especificamente na Antena 1, está assim quase sanado. O conselho de administração já aceitou a demissão de Fausto Coutinho e pode agora reenviar para o regulador o pedido de exoneração do director e a nomeação do novo, o ex-jornalista da TSF João Paulo Baltazar.

O PÚBLICO apurou que Fausto Coutinho acabou por decidir colocar o seu lugar à disposição por considerar que no contexto actual esta é a decisão que melhor serve os interesses da empresa, tal como deixara no ar durante a sua audição na ERC. Não foi ainda possível obter um comentário de Fausto Coutinho.

Segundo contou à sua equipa e também na audição na ERC, Fausto Coutinho foi informado pela administração de que esta não contava com ele para o novo perfil editorial que pretendia para a rádio pública. Mas não lhe terá sido explicada essa nova linha editorial. Entretanto, a administração enviou o pedido para a ERC sem o fazer acompanhar do parecer do conselho de redacção (CR) da rádio, como a lei prevê. Essa falha no processo levou o CR a queixar-se ao regulador e ao Sindicato dos Jornalistas - este último já lhe deu razão.

Numa decisão inédita, a ERC chumbou há dias o pedido de exoneração do director de Informação da rádio, justificando com a falta do parecer do CR e com o facto de a administração não conseguir fundamentar a sua decisão de afastar o jornalista. A decisão do regulador é vinculativa.

Na deliberação da ERC, o regulador contava que Fausto Coutinho, na sua audição, na passada semana, disse “aceitar, em nome dos interesses da RTP, a decisão da actual administração”, mas também sublinhou “não encontrar objectivamente razões para a sua destituição, até porque a mesma nunca lhe terá sido explicitada por quem de direito [o administrador com o pelouro dos conteúdos, Nuno Artur Silva]”. Desde então, manteve-se o braço-de-ferro entre o director de Informação e a administração.

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