Defensores das primárias no PSD dispostos a avançar para um congresso extraordinário

A ideia é apresentar uma proposta de alteração dos estatutos de forma a que as primárias possam ser disputadas já nas eleições legislativas de 2015, um ano antes de Pedro Passos Coelho terminar o mandato como líder do PSD.

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Rui Rio ainda não desfez o tabu Fernando Veludo/NFactos

Os apoiantes de Rui Rio não vão desistir das eleições primárias no partido antes das legislativas do próximo ano e avisam que, se for preciso, serão recolhidas as 2.500 assinaturas necessárias para a convocação de um congresso extraordinário.

 “As eleições primárias são uma inevitabilidade e o PSD não pode meter a cabeça na areia e fazer de conta que não aconteceu nada. Porque aconteceu. Mais de 180 mil pessoas participaram nas primárias do PS” disputadas entre António Costa e António José Seguro, declara Rui Nunes, fundador da Plataforma Fórum Democracia e Sociedade – Uma agenda para Portugal, um dos impulsionadores das primárias.

A direcção do PSD, pela voz do secretário-geral, José Matos Rosa, já veio dizer que as primárias não constituem um assunto prioritário para o partido. Mas esta “posição expectável” da direcção do partido, como classificou Rui Nunes, não trava a determinação daqueles que aspiram ver Rui Rio a disputar no próximo ano as legislativas com o socialista António Costa.

Ao PÚBLICO, Rui Nunes, um académico do inner circle do ex-presidente da Câmara do Porto, vinca a importância do combate interno que aconteceu no PS para sublinhar que “as eleições primárias vieram revolucionar o sistema partidário português - ninguém pode dizer o contrário - e o PSD não pode ficar indiferente a uma das decisões mais importantes tomadas nos últimos anos no plano partidário”.

“O PSD deve imediatamente proceder à revisão dos estatutos do partido para permitir as primárias”, defende o social-democrata, frisando que “o povo português não aceitaria que o líder da oposição fosse eleito com 180 mil votos e os outros que também querem governar sejam eleitos por meia dúzia de votos”.

Questionado se o ex-presidente da Câmara do Porto estará disponível para avançar contra Pedro Passos Coelho, líder do partido e primeiro-ministro, quando ainda falta mais de um ano para terminar o mandato, o social-democrata responde: “Rui Rio não vai dizer 'eu estou aqui', mas se houver muitas pessoas envolvidas nas primárias irá sentir isso como uma obrigação e não como uma opção”. E desafia o actual líder a ir a votos e defender o seu projecto, porque – vinca – “não há que ter medo da democracia”.

Declarando que. se não houver primárias, o PSD irá "fragilizado" para as legislativas devido ao desgate da governação e às medidas impopulares que o Governo tomou, Rui Nunes atira um último argumento para a introdução das primárias: "Nós não estamos confinados a escolher entre o socialismo democrático de António Costa e uma visão com algum pendor neoliberal de Passos Coelho que os portugueses não querem. Há espaço para discutir uma terceira via que passa por Rui Rio, um social-democrata genuíno”.

Mas no PSD há também quem defenda as primárias para escolha do líder, mas só em 2016. Miguel Seabra, presidente da concelhia do PSD-Porto, mostra-se favorável à participação de simpatizantes nas eleições internas do partido, mas frisa que as primárias só devem acontecer quando Passos Coelho terminar o seu mandato à frente do partido.

 “Qualquer tentativa de antecipar o ciclo normal das eleições internas no PSD, para mim, é visto como uma tentativa de golpe de Estado. Não faz sentido que se mudem as regras a meio do mandato do actual líder”, considera o dirigente concelhio, frisando que “Passos Coelho está mais do que legitimado para continuar a liderar o PSD”. Seabra aproveita, de resto, para manifestar a “total solidariedade” da concelhia ao primeiro-ministro, que – diz - “tomou medidas impopulares para retirar o país da bancarrota”.

 

 

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