De Catarina a Obama, as notas da semana

Os protagonistas da semana em notas, de zero a 20. A análise das linhas e entrelinhas passa por Catarina Martins e Centeno, fechando nas eleições nos EUA.

A semana começou com um Orçamento que é uma vitória para António Costa – mas quem se destacou foi Catarina Martins. Passou pela Caixa, claro, mas também pela Web Summit – na qual há um protagonista reaparecido. E fechou nos EUA (aqui desculpem, mas o que não consigo é dar nota positiva a quem ganhou com o discurso que sabemos).

Catarina Martins, 15 
Fechou o debate orçamental com uma veemente defesa da "geringonça", sem subterfúgios como os que muitas vezes ouvimos nesta maioria (ou como ouvimos tantas vezes no CDS, quando estava com Passos). Foi, por isso, corajosa. E ainda lhe juntou uma deliciosa subtileza: não leu a única frase no discurso escrito em que deixava uma crítica ao Governo, e que daria títulos nos jornais, por não ter ainda desfeito o “enorme aumento de impostos”. Antes assim.

Paulo Portas, 14
A Web Summit foi uma vitória dele: quando era vice-primeiro-ministro, lutou por ela e ganhou-a, ao lado de Fernando Medina, o jovem socialista que lidera a Câmara de Lisboa. E sua vitória transformou-se num sucesso retumbante esta semana. Mas Paulo Portas teve uma semana a brilhar também pelo regresso à televisão: esteve quatro dias na TVI a comentar o que mais gosta, a política norte-americana, com boas audiências e muitas surpresas eleitorais. Dá saudades, não dá dr. Portas?

João Vasconcelos, 14
O secretário de Estado da Inovação é, verdadeiramente, o homem em Portugal que mais fez pela criação de um ambiente favorável às start-ups. Quando estava na câmara criou-lhes condições que não existiam. Agora no Governo deu-lhes um protagonismo inédito. A Web Summit foi também um sucesso por causa dele. Agora está na sua mão fazer deste um esforço permanente. Como há mais duas cimeiras destas nos próximos anos, a missão não parece impossível.

Rui Rio, 9
A entrevista que Rui Rio dá ao DN tem a virtude de clarificar um “sim”. Sim, ele estará disponível para a liderança do PSD em 2018, se Passos perder as autárquicas. Mas não ajuda a clarificar o que o separa da actual liderança, porque Rio diz, basicamente, o mesmo que Passos sobre o Orçamento, sobre a CGD, sobre quase tudo o que andamos a discutir. A diferença é o passado, diz o ex-autarca. E depois há aquela nota de rodapé: lemos que só aceitou dar a entrevista por escrito, “consolidando” depois em viva voz o que tinha escrito. Coragem?

Castro Mendes, 8
Estátua partida, trancas à porta. Foi apenas há dois meses que o director do Museu Nacional de Arte Antiga fez um alerta em público sobre a situação orçamental do museu – e sobre a falta de vigilantes naquele espaço. O Governo, o mesmo Governo que abriu uma nova ala com poupa e circunstância, não acautelou as consequências possíveis. Pobre do director do museu, levou com meio mundo em cima. E teve até de escrever ao ministro, explicando que não sabia estar a ser filmado. Até sábado passado, foi tudo o que soubemos. Mas nesse dia um turista brasileiro derrubou o Arcanjo de S. Miguel. E só foram precisas 24 horas para o ministro anunciar um reforço de três vigilantes, mesmo argumentando que não foi por isso que o incidente se deu. Pobre arcanjo.

Mário Centeno, 7
Vejam bem a ironia, quando o que lhe vale é a Europa – que lhe começa a perdoar as sanções e deixa passar o Orçamento (azar que as previsões para 2016 não batam certo). Mas o problema mais sério de Mário Centeno chama-se Caixa Geral de Depósitos. Há semanas que o ministro mantém um silêncio ruidoso sobre a polémica. E há semanas que a polémica não pára de crescer, ao ponto de se ouvirem críticas no PS – e muitas outras em surdina no próprio Governo. Pelo caminho que a história leva, Centeno perderá a administração da Caixa, sem nunca dizer palavra sobre o assunto.

Barack Obama, 6
Estou convencido de que Hillary Clinton seria uma óptima Presidente dos Estados Unidos. A verdade, porém, é que foi uma má candidata. Mas é importante acrescentar isto: a vitória de Donald Trump representa uma enorme derrota de Barack Obama. O Presidente que mais esperança prometeu aos americanos não teve anos fáceis, tendo em conta a oposição do Congresso e o contexto difícil que enfrentou. Mas não conseguiu cumprir a sua missão de fazer da América um país menos dividido. Agora, tem em risco tudo o que construiu.

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