Dar ou tomar, investir ou ser investido

Ao terceiro significado, conforme o dicionário, “posse” traduz-se por: “Investidura num cargo e cerimónia correspondente.” Em menos de um mês, Portugal assistiu a duas “posses” de dois governos: um liderado por Pedro Passos Coelho, a 30 de Outubro (PSD-CDS), e outro com António Costa à cabeça, a 26 de Novembro (PS, mas com as variantes de bastidores PS-PCP, PS-BE, PS-Verdes).

Primeiro de três exemplos que o dicionário regista: “O Presidente dá posse aos membros do governo.” Não se menciona, nem era esperado, com que estado de espírito o Presidente o faz (no caso de Cavaco Silva, desconfia-se). Nem com que estado de espírito os membros do governo o assumem (no caso dos socialistas, percebe-se).

“Dar posse” significa exactamente “investir num cargo ou função”, pelo que “tomar posse” corresponde a “ser formalmente investido num cargo ou função”. Já “tomar posse de” quer dizer “apropriar-se de alguma coisa” ou “invadir”. Dada a agitação pela mudança que se está a operar na vida política portuguesa, alguns tenderão a confundir os significados.

“Posses” corresponde a “haveres”, “meios de vida” e… “cabedais”, mas também a “poder”. No Brasil, “área correspondente a uma légua quadrada”.

“Posse” dada e tomada, a democracia continuará em Portugal o seu percurso. Como a política (e tudo) se faz de processos e resultados, o país terá de aguardar até poder ficar na “posse” destes últimos (resultados). Sobre os primeiros (processos) já está esclarecido. 

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