Cristas: “OE vai passar, resta saber como vai ser executado”

A líder do CDS vai candidatar-se à Câmara de Lisboa porque, entre outras razões, não se revê na Lisboa do betão.

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Cristas abre porta a propostas conjuntas com PSD Rui Gaudencio / Publico

A presidente do CDS, Assunção Cristas, não tem dúvidas de que o Orçamento do Estado para 2017 vai ser aprovado pelos partidos que apoiam o Governo. A questão é saber, depois, se será possível pô-lo em prática: “O orçamento vai passar, resta saber como vai ser executado”, disse a líder centrista nesta quarta-feira em entrevista à SIC.

E alertou ainda: “Todos são responsáveis pelo orçamento que vier a ser apresentado.” Ficou ainda clara a diferença de postura entre o CDS e o PSD – os centristas querem, sublinhou, fazer uma oposição “firme”, mas apresentando propostas, incluindo para o orçamento (o PSD não as apresentou, considerando que tal não cabe à oposição, mas ao Governo).

Isto não quer dizer, porém, que não haja espaço para propostas conjuntas do PSD e do CDS. “Há obviamente”, disse Cristas, sobre os dois partidos que são “aliados naturais e amigos”, mas têm agora, depois do fim da coligação, “cada um o seu caminho”. Esse é o segredo para o casamento ser bem-sucedido, explicou – “cada um crescer por si”.

Assunção Cristas aproveitou também para criticar a maioria de esquerda, por chumbar sistematicamente as propostas dos centristas no Parlamento. Entre outros exemplos, lembrou as medidas que pretendiam dar “estabilidade nas políticas da educação por seis anos”, mesmo que o CDS não concordasse com elas. E estendeu as críticas ao facto de os partidos não se conseguirem entender sobre questões-chave: “As pessoas lá fora não percebem por que os partidos não se entendem minimamente.”

Recuperando a metáfora do casamento, o jornalista aproveitou ainda para questionar Assunção Cristas sobre a possibilidade de um noivado entre CDS e PS nos próximos tempos, mas a centrista lembrou que é o PS quem se quer juntar às “esquerdas radicais”. Ora, frisou, o CDS não quer “ter nada a ver com isso”. E afirmou também: “Há muita gente na área do centro que fica perplexa com a radicalização das políticas à esquerda.”

Sobre o facto de se candidatar à Câmara Municipal de Lisboa, Assunção Cristas disse que o faz “por achar que Lisboa merece ter um projecto diferente” do que está a ser executado neste momento. Argumentou que não se revê “na Lisboa do betão”, que há a “Lisboa das pessoas”, a Lisboa “dos velhinhos” que “não saem dos seus prédios” porque não têm apoios nem ninguém que os leve a ver os passeios e obras novas.

Contou ainda que falou com o ex-líder Paulo Portas sobre a decisão de se candidatar e que este já sabia há muito deste seu “gosto” por Lisboa e pelo projecto autárquico, que é “antigo”. Também as estruturas do PSD foram informadas, antes de o anúncio ter sido tornado público, garantiu Cristas, clarificando, no entanto, que o avanço não estava dependente de ter ou não o apoio dos sociais-democratas. “Há já muito tempo que não nos candidatávamos sozinhos em Lisboa e era importante”, justificou, acusando novamente o actual autarca Fernando Medina de ter “muito pouco” trabalho “além de obra pública”.

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