Crato elogia sucesso da educação sem uma referência à colocação de professores

O discurso do ministro soou a balanço, mas também apontou para 2015. Há subidas orçamentais, diz Crato. Já a intervenção de Paula Teixeira da Cruz foi de auto-defesa depois de toda a polémica à volta da plataforma informática Citius.

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Nuno Crato Miguel Manso

O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, discursou nesta sexta-feira no Parlamento no âmbito das jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS, sem uma única palavra ou número sobre a questão da colocação de professores, mais de um mês depois do início do ano lectivo.

Na sala do Senado, Crato aproveitou a sua intervenção para elogiar o trabalho desenvolvido ao longo destes três anos, especialmente no sector educativo. Foi a propósito da redução da taxa de abandono escolar – “dez pontos percentuais desde 2010” - que aproveitou para elogiar este Governo, que com “grandes dificuldades económicas foi capaz de obter “sucesso na área educativa”.

A maior parte do seu breve discurso soou a balanço, apesar de o governante também ter apontado para o ano que vem, referindo várias vezes que mais recursos não significam mais qualidade.

“Colocar mais recursos na educação não é melhorar a sua qualidade. Ao contrário do que certo tipo de debate nos pode levar a crer, nem tudo são recursos. A maior parte é a boa utilização desses recursos, o que não quer dizer que não tenhamos muita atenção ao Orçamento do Estado”, disse o ministro.

“Parte do debate público no que se refere à educação foi mal colocado, fazendo uma comparação da execução orçamental de 2014 e o Orçamento do Estado para 2015 (…) Temos um Orçamento do Estado para 2015 que, em alguns aspectos, tem até subidas”, afirmou Crato perante os deputados do PSD e do CDS.

Sentado entre o ministro da Saúde e o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, Nuno Crato registou vários factores positivos ao longo dos três anos em que foi titular da pasta educativa. Disse que o Orçamento para 2015 prevê subidas na área da Ciência, com um acréscimo de 8% de verba para a FCT, e elencou como louros da sua governação o inglês obrigatório, a redução de professores com horário zero, a maior autonomia das escolas e a diminuição do abandono escolar.

Ministra diz que Citius foi “pretexto” para criticar reformas
A intervenção da ministra da Justiça esta sexta-feira à tarde, na Assembleia da República, ficou marcada pela sua defesa depois de toda a polémica à volta da plataforma informática Citius. Paula Teixeira da Cruz reconheceu "deficiências profundíssimas" no portal, mas garantiu que o Citius foi utilizado como “pretexto” para criticar as reformas profundas que encetou no sector e que atingiram diversos “interesses”.

Perante os deputados do PSD e do CDS, no âmbito das jornadas conjuntas que terminam este sábado, a titular da pasta da Justiça defendeu que as reformas que encetou a colocariam sempre na mira. “Ao reformar, ao fazer as reformas que fizemos e as que se avizinham, tocámos em interesses”, afirmou, não sem acrescentar que reformar "um sistema de justiça descredibilizado e sujeito a tentativas de politização" traria necessariamente problemas.

Mas, disse a titular da pasta da Justiça, “o Citius está de pé” e afecta apenas processos de de tramitação cível. Teixeira da Cruz explicou que foram realizados testes e que os problemas que aconteceram no dia 1 de Setembro não era, por isso, “previsíveis nem expectáveis”. Tudo o que se seguiu, defendeu, foi um “pretexto” para atacar a sua capacidade reformista no sector. 

“Eu estranhava que não tivesse sido usado já outro pretexto (…) Cria condições para o fim da impunidade? Tem que apanhar!”, afirmou a ministra. “O que é preciso é um pretexto, nem que seja uma plataforma informática”, acrescentou ainda.

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