Costa pede a economistas quadro macroeconómico para o programa do Governo do PS

Futuro líder pede maioria absoluta aos portugueses nas legislativas e revela que o partido vai apoiar nas próximas eleições presidenciais um candidato oriundo da sua área política que “honre, renove e actualize a herança notável de Mário Soares e Jorge Sampaio”.

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António Costa apresentou nesta sexta-feira em Coimbra a moção que levará ao Congresso Ricardo Castelo/NFactos
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António Costa anunciou esta sexta-feira, em Coimbra, que vai encomendar a uma equipa de economistas a “elaboração do quadro macroeconómico prospectivo que balizará” um “programa do Governo, quer nos limites, que não podemos ignorar, quer nas prioridades das medidas de política que temos de adoptar, porque a acção política tem também influência no rumo da economia”.

“No exigente contexto que vivemos, a credibilidade de um programa de Governo tem de assentar num cenário macroeconómico fiável para o período da legislatura, condição da concretização de uma estratégia orçamental plurianual, que dê suporte ao programa de Governo” declarou António Costa, em Coimbra, na sessão de apresentação da moção de estratégia que vai levar ao XX Congresso Nacional do PS, no final do mês, em Lisboa.

 Um dia depois de ter formalizado a sua candidatura a secretário-geral do PS, o também candidato a primeiro-ministro nas legislativas de 2015 afirmou que “a democracia exige compromissos sérios e não suporta mais promessas por cumprir”. “Bem sei que há quem pense que a política vive do voto. Pois eu acho que a credibilidade gera a confiança e é a confiança que fortalece a política”, sublinhou.

Costa explicou depois que o programa de Governo do PS, em articulação com a estratégia da Agenda para a Década, tem de dar resposta “ à urgência de inversão do ciclo de empobrecimento e de ruptura social”, para dizer que há um novo ciclo político que se abre com a realização das eleições regionais, legislativas e presidenciais de 2015 e 2016.

Sobre as presidenciais, revelou que o PS apoiará um candidato oriundo da sua área política que “honre, renove e actualize a herança notável de Mário Soares e Jorge Sampaio, que desempenharam com exemplar dignidade, competência, patriotismo e respeito pela Constituição os seus mandatos presidenciais, prestigiando o país e constituindo-se como referência e factor de confiança e unidade nacional para todos os portugueses”.

Ao longo da sua intervenção, que foi sistematicamente interrompida pelos aplausos, Costa pediu maioria absoluta, “condição essencial para a formação de um Governo estável e coerente, com força política para se bater na União Europeia pela defesa dos interesses nacionais e capaz de conduzir uma acção política consistente, indispensável para afirmar uma alternativa efectiva à política do actual Governo”.

E para não se alimentarem tabus nem equívocos, explicou: “Consideramos a maioria absoluta necessária, mas a maioria absoluta não é condição suficiente. Portugal precisa de uma maioria, mas precisa também de compromissos políticos e acordos de concertação social alargados. Por isso seremos uma maioria plural, aberta e promotora do diálogo político e social”.

No final, o futuro líder do PS convocou todos para o desafio que Portugal tem pela frente. “Não podemos deixar o país ser arrastado na irremediável agonia do Governo da direita. É preciso mobilizar Portugal. É preciso o vigor de uma nova maioria. É preciso a clarificação de uma maioria. É essa a tarefa para que todos estão convocados”, disse.

Piscar de olho à esquerda
Empenhado em deixar bem clara a sua posição sobre esta matéria, o presidente da Câmara de Lisboa disse recusar o conceito de “arco da governação”, como critério de “exclusão das esquerdas à esquerda do PS das suas responsabilidades de também contribuírem, no Governo ou no Parlamento, para a resolução dos problemas nacionais”. E acrescentou: “Registamos, por isso, como positiva a emergência de novos movimentos políticos que procurar quebrar o sectarismo anti-PS que tem bloqueado um diálogo útil na esquerda portuguesa”. Os aplausos fizeram-se sentir no auditório da Fundação Bissaya Barreto, que se encontrava repleto.

Pela primeira vez, Costa elogiou António José Seguro. Foi logo no início da sua intervenção, quando declarou que tinha formalizado na véspera  a sua candidatura a secretário-geral do PS. “Ao apresentar esta candidatura faço-o com o sentido do dever, espírito militante, mas com profunda emoção de dar continuidade à história de um grande partido nacional e popular, depositário dos valores do movimento socialista, social-democrata e trabalhista, que tem sido, nas suas diversas lideranças, de Mário Soares a António José Seguro, um esteio fundamental da construção da democracia”.

Almeida Santos, Correia de Campos, Vital Moreira, Carlos César, Manuel Pizarro, Ana Catarina Mendes, Isabel Oneto, Maria de Belém, Ana Paula Vitorino, Eduardo Cabrita eram algumas das personalidades presentes na sessão na qual também marcaram presença apoiantes de peso de Seguro: Álvaro Beleza, Eurico Brilhante Dias e  Manuel Machado. Quem faltou foi José Luís Carneiro, presidente da distrital do PS-Porto, também apoiante do ex-secretário-geral socialista.

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