Costa garante que o rigor será "a marca da governação do PS”

No encerramento da Festa da Democracia , líder socialista aponta contradições do primeiro-ministro. "Há um mês o Governo dizia que tinha os cofres cheios e agora o que vem dizer é que, afinal, precisa de nova dose de austeridade, porque os cofres estão cheios de dívida"

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Nelson Garrido
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António Costa tentou ontem passar a mensagem de que o rigor será "a marca da governação do PS” e procurou combater a ideia de que um Governo socialista poderá fazer regressar o país à conjuntura de dificuldades financeiras de 2010 e 2011.

Um dia depois de o líder do PSD ter desafiado António Costa a revelar que planos tem para a sustentabilidade do sistema de pensões, o secretário-geral do PS prometeu, no Porto, que a palavra dada pelos socialistas será "palavra honrada" e assegurou que a principal missão de um Governo socialista será a de acabar com a incerteza, devolvendo "tranquilidade e segurança" aos portugueses. "Os nossos compromissos serão isso mesmo: palavra dada é palavra honrada. É isso que faremos no nosso próximo ciclo de governação", comprometeu-se.

No encerramento do comício-festa, no pavilhão Rosa Mota, no Porto, que assinalou o 42º aniversário da fundação do partido, Costa deixou uma garantia: “Esse rigor do PS começará já nesta campanha eleitoral, porque ninguém nos verá a fazer o que fez o actual primeiro-ministro [em 2011] em campanha, prometendo que não cortava o que veio a cortar no Governo e prometendo não aumentar o que veio a aumentar no Governo. Nós só assumiremos compromissos perante os portugueses depois de testar a sua capacidade, consistência e sustentabilidade. Podemos dizer olhos nos olhos aos portugueses que o que nós nos comprometermos a fazer na oposição é o que faremos no Governo. Só temos uma cara, só temos uma palavra."

Perante um pavilhão completamente cheio, António Costa procurou responder às críticas do primeiro-ministro sobre rigor na gestão pública, declarando que os socialistas não temem comparações. E apontou os exemplos da gestão das câmaras socialistas de Vila Nova de Gaia, Lisboa ou da Região Autónoma dos Açores, em contraste com a Madeira.

No comício-festa, que decorreu no âmbito da Festa da Democracia, o líder socialista apontou as contradições do primeiro-ministro. “Há um mês o Governo dizia que tinha os cofres cheios, e agora o que vem dizer é que, afinal, precisa de nova dose de austeridade, porque os cofres estão cheios de dívidas”, apontou, dando um outro exemplo. “Há uma semana, o PSD vinha dizer que queria baixar as contribuições para a Segurança Social e agora, uma semana depois, o que vem dizer é que tem de cortar não nas contribuições, mas nas pensões, porque, afinal, a Segurança Social não tem capacidade para ter cortes, mas tem necessidade de novos cortes nas pensões que pagam aos pensionistas”, insurgiu-se António Costa para acrescentar que “assim não é aceitável. Não é possível continuar a termos um Governo que perdeu o Norte e não sabe o que fazer com o país”.

Mário Soares antecedeu Costa e quando o speaker anunciou o nome do ex-Presidente da República, no Pavilhão Rosa Mota, a plateia entoou imediatamente “Soares é fixe!”, o slogan da sua primeira campanha presidencial. E quando subiu à tribuna, embalado pelo slogan, disse ele próprio: “Soares é fixe e tem 90 anos! e temos à nossa frente o secretário-geral [António Costa], que merece ser saudado”.

O fundador do PS agitou algumas bandeiras caras ao PS, nomeadamente a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia e a criação do Serviço Nacional de Saúde e sobre o SNS criticou "a infâmia" da sua destruição, numa crítica velada ao Governo de maioria PSD-CDS. Depois elogiou os líderes partidários pós-25 de Abril Francisco Sá Caneiro (PPD), Álvaro Cunhal (PCP) e Freitas do Amaral (CDS) ao mesmo tempo que defendeu que o PS representa a esperança num país mais igual.

Antes de abandonar a tribuna, Soares terminou com uma mensagem de optimismo: "O PS é a esperança num mundo melhor, num mundo menos desigual. Viva a liberdade, via a social-democracia, viva o socialismo, viva Portugal e o nosso líder."

O tema da adesão à CEE havia sido trazido para o debate pelo líder da federação distrital do PS-Porto, que afirmou que foi com Mário Soares nas funções de primeiro-ministro, que permitiu a Portugal aderir à Comunidade Económica Europeia, "consolidando a democracia portuguesa e promovendo a devolução integral do poder à sociedade civil".

A Festa da Democracia juntou ontem no Porto um conjunto de personalidades do partido, acontece dois dias antes de o PS apresentar ao país as medidas macroeconómicas  que o partido liderado por António Costa considera credíveis para a próxima legislatura e que serão a base do futuro programa do Governo, no dominío da economia..

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