Costa apela ao PS: “Está na hora do tudo por tudo”

Líder socialista, que foi recebido no Porto com grande animação, diz que “chegou o tempo de tomar uma decisão sobre o nosso futuro”.

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Costa fez uma arruada muito concorrida no Porto Ricardo Castelo

António Costa lançou esta sexta-feira, a partir do Porto, ontem um forte apelo à mobilização do PS, pedindo o empenho de todos, “para que o país recupere a sua auto-estima, o seu orgulho, a sua dignidade e a sua confiança no futuro colectivo”. No dia em que foi conhecida uma sondagem que dá um empate técnico ao PS e à coligação de direita, o líder socialista foi directo ao assunto: "Temos que fazer um grande esforço de mobilização ao longo do próximo mês”.

Logo na estação de São Bento, no Porto, onde chegou no comboio que o trouxe de Lisboa, mostrou-se satisfeito com a moldura humana que estava à sua espera: “É um excelente sinal de que as pessoas não estão a dormir. As pessoas em Portugal perceberam que esta é também a hora de darmos tudo por tudo”, proclamou. 

Dali até ao Cais da Ribeira, Costa ouviu palavras de incentivo de muita gente que lhe pediu para que assuma as rédeas da governação e mostrou-se convencido de que, com o regresso à normalidade do dia-a-dia, as “pessoas começam a perceber que, de facto, chegou o tempo de tomar uma decisão sobre o nosso futuro”.

E numa breve sessão, num hotel da Ribeira, com personalidades do distrito do Porto e membros da Comissão de Honra da sua candidatura, partilhou algumas das conversas que teve com as pessoas com quem esteve nas várias cidades onde o comboio parou - depois de Lisboa, parou em Pombal, Coimbra e Aveiro para acções de rua. “Ao longo do dia de hoje encontrei milhares de pessoas no comboio e em todas as terras onde parei ouvi aquilo que querem que façamos aos nossos adversários”, declarou, recusando-se a reproduzir algumas das sugestões dadas.

“Ninguém espera qualquer milagre redentor. As pessoas querem é voltar a deixar de viver naquela ansiedade de não saber se no dia seguinte acordam e ligam o rádio e ouvem que há mais uma sobretaxa de um novo imposto, que há mais um corte na pensão ou no salário, que há mais um corte nas bolsas de estudo ou um novo aumento nas taxas moderadoras”, apontou.

Para Costa, uma das grandes batalhas que o PS tem nestas eleições “é acabar com esta ideia que o Governo cultivou ao longo destes quatro anos que era empobrecendo todos e desenvolvendo a precaridade que o país ia voltar a ser competitivo e a voltar a crescer”. Cavalgando esta ideia, disse: ”Foi um fracasso, um fracasso muito doloroso, um fracasso que nos pode ter penalizado para muitas gerações, porque é um fracasso que levou e incentivou à emigração a primeira geração que o país tinha conseguido produzir que se aproximava das médias de qualificação da União Europeia”.

Mas a sua mensagem era sobretudo aos socialistas: “Aquilo que eu peço é que não sosseguemos um segundo durante o próximo mês, precisamos de muitas energia, muita dedicação e muito empenho. Temos de dar tudo por tudo para vencer esta batalha. Conto convosco”, exortou o candidato do PS a primeiro-ministro.

Depois da recepção na Estação de São Bento, onde foi recebido com música, muitas bandeiras do PS e com grande entusiasmo por parte de militantes e simpatizantes que gritavam “PS,PS,PS” e “Costa vai em frente, tens aqui a tua gente”, o secretário-geral do partido percorreu a pé a renovada Rua das Flores até à Ribeira, onde cumprimentou e falou com centenas de pessoas.

Em declarações aos jornalistas, antes de fazer o percurso a pé, declarou que é “preciso virar a página da austeridade, porque, só assim poderemos, efectivamente, crescer”. E a este propósito atirou: “Aquilo que nós fizemos foi um trabalho de casa muito rigoroso. Nós fizemos as contas do nosso programa e por isso temos um compromisso que está escrito com e que tem as contas feitas. O que é que a direita nos apresenta? Esconde o programa e só tem um programa muito simples: continuar a austeridade, com um novo corte de pensões de 600 milhões de euros e com um ataque ao estado social como agora fez ao Sector Empresarial do Estado”.

E deixou um aviso: ”O que acontece nas últimas 24 horas sobre os transportes do Porto é um bom exemplo de que a direita não hesitará em destruir agora a Segurança Social, o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública”.

Pai de ministro na Comissão de Honra
Fernando Aguiar-Branco, pai do ministro da Defesa, a ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima, as médicas Isabel Pedroto e Raquel Seruca, os presidentes dos conselhos de administração do IPO-Porto, Laranja Pontes, e da Empresa Águas do Porto, Matos Fernandes, bem como os arquitectos Manuel Correia Fernandes e Manuel Fernandes de Sá e as atletas Rosa Mota e Sara Moreira são alguns dos nomes que integram a Comissão de Honra da candidatura de António Costa.

Dela fazem ainda parte, entre outros nomes, os escritores Valter Hugo Mãe e Mário Cláudio, o ex-reitor da Universidade do Porto Marques dos Santos, o director da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculos, José Quinta Ferreira, o encenador Nuno Cardoso e o director do Teatro Rivoli, Tiago Guedes. Do ensino superior, estão lá o reitor da Universidade Fernando Pessoa, Salvato Trigo e a presidente do Instituto Politécnico do Porto, Rosário Gamboa, assim como o professor e escritor  Richard Zimler.

O independente Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, foi também convidado para integrar a comissão. Algumas destas personalidades participaram num encontro com o secretário-geral socialista num hotel da zona da Ribeira, onde também estiveram presidentes de câmara e outras figuras do distrito. 

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