António Costa pisca o olho aos eleitores indecisos a pensar nas legislativas

Secretário-geral do PS escreve carta aberta aos portugueses na qual deixa a garantia da sustentabilidade da Segurança Social, a defesa do Serviço Nacional de Saúde e a valorização da escola pública.

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António Costa diz que vai avaliar consequências "exactas" do OE nas finanças da câmara Foto: Nuno Ferreira Santos

António Costa quer convencer os eleitores indecisos a votar no PS nas eleições legislativas de Outubro e pretende criar com eles um laço de confiança, porque a confiança – sublinha – “é essencial para a nossa mobilização colectiva pelo futuro de Portugal”. O apelo de Costa é feito através de uma carta aberta publicada na sua página oficial das legislativas no Facebook, na qual alerta para a importância das legislativas, que classifica de “eleições decisivas”.


Com o calendário em contagem decrescente para as legislações, o líder do PS faz desta carta um forte apelo ao voto e um combate à abstenção e revela que optou por escrever porque não terá oportunidade de falar pessoalmente com todos ao longo das próximas semanas.

Costa, que tem sido alvo de críticas internas pela estratégia seguida em termos de comunicação, incentiva os eleitores a não ficar em casa no dia 4 de Outubro e diz que o que está em confronto na próxima ida às urnas são duas opções de fundo: "Sobre o nosso modelo de desenvolvimento - assente no conhecimento e inovação, contra a precarização e o empobrecimento - e sobre o nosso modelo social - na garantia da sustentabilidade da segurança social, na defesa do SNS [Serviço Nacional de Saúde] e da valorização da escola pública, contra a ameaça da privatização dos serviços públicos e da destruição do Estado social".

A carta alude aos últimos anos que “foram muito duros para as pessoas, para as famílias e para as empresas” e fala de um “grande retrocesso económico e social”. O Governo não escapa às críticas. “Feriram-nos na nossa auto-estima colectiva, puseram em causa a confiança que depositávamos nas instituições, geraram o sentimento de abandono e muitos territórios, provocaram a descrença no projecto europeu, trouxeram o sobressalto e a instabilidade para o quotidiano [das pessoas], a perda de pensões para os idosos, a precarização para os jovens e a ameaça do desemprego para todos”.

Carta atenua críticas internas
Francisco Assis, que vai aparecer ao lado de Costa durante a campanha depois de meses de afastamento, acha positivo o facto de o líder do partido se ter dirigido aos eleitores indecisos, porque - diz –“é aí que se jogam as eleições”. “Esta é uma boa iniciativa. O que temos de fazer agora é uma boa campanha e deixar tudo o resto para trás, porque não há nenhuma campanha em nenhum país do mundo em que não haja um momento ou outro em que as coisas corram menos bem”, afirma, numa alusão à polémica dos cartazes que marcou a pré-campanha

Assis elogia Costa pelo “programa alternativo, credível e sério apresentado ao país e que permitirá criar condições para uma melhoria substancial do estado do país em vários domínios, nomeadamente financeiro e social” e contrapõe o programa da coligação, que consubstancia a “ideia de em nome de uma suposta liberdade de opção na questão de acesso aos serviços públicos na saúde, na Segurança Social e na educação se abrir as portas para uma destruição completa do modelo estrado providência tal como nós o concebemos”.

Já Manuel Pizarro fala da carta como “um momento muito importante deste combate eleitoral do PS” e aproveita para dizer que “a grande maioria dos portugueses já consumaram o seu divórcio em relação às políticas da coligação e a direita já percebeu isso, razão pela qual reduz as suas propostas para o futuro a falar do passado”. "Questão diversa que se coloca é saber se a esse divórcio em relação à direita corresponde uma adesão às propostas do PS”, declara o eurodeputado, sublinhando que "o PS tem muito que trabalhar".

O dirigente nacional aplaude a “boa resposta que o PS deu no plano conceptual, com a estratégia para a década, o cenário macroeconómico e próprio programa", mas deixa uma advertência: “É necessária uma componente de comunicação e de aproximação aos eleitores, que é decisiva para motivar o voto no dia 4 Outubro”.

Também o dirigente nacional Pedro Bacelar de Vasconcelos aplaude a iniciativa do líder do partido e considera normal que pretende “chegar aos vários sectores do eleitorado”. “Os indecisos, porventura, carecem de outra motivação, de outra informação que vai para além do quadro macroeconómico e da cabimentação de medidas”, declara o constitucionalista Bacelar de Vasconcelos, que integra a o secretariado nacional do PS.

Pedro Bacelar de Vasconcelos desvaloriza o “bruá” que tem existido sobre a polémica dos cartazes e outros episódios que têm sido alvo de críticas e diz que “estes percalços são naturais e que acontecem sempre nas campanhas eleitorais”. “Nada disto abala a serenidade deste mês de Agosto nem a maioria absoluta que os portugueses se preparam para dar ao PS e m Outubro”, conclui, em declarações ao PÚBLICO.

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