Costa contra modelo "esquizofrénico" de duplicar porta-vozes do PS

Grupo parlamentar terá o protagonismo na tomada de posição sobre temas sectoriais.

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Costa participou na reunião da bancada Enric Vives-Rubio

O secretário-geral do PS recusou esta quinta-feira um modelo "esquizofrénico" de duplicação de porta-vozes do seu partido para áreas sectoriais, considerando que sempre deu mau resultado quando existiu um PS na sede nacional e outro no parlamento.

António Costa falava aos jornalistas após ter participado na reunião semanal do Grupo Parlamentar do PS, cuja presença não foi anunciada publicamente e que antecede a reunião desta noite da Comissão Política Nacional, a primeira deste órgão eleito no congresso de Novembro passado.

Perante os deputados do PS, António Costa recusou um modelo de duplicação de porta-vozes no seu partido (tal como existia na liderança anterior de António José Seguro), contrariando assim uma tese interna de que o Secretariado Nacional, o órgão de direção restrita dos socialistas, deveria ter protagonistas específicos para cada área do Governo.

No final da reunião, que durou cerca de 80 minutos, o líder socialista apresentou qual o modelo de coordenação que defende entre a direcção nacional do seu partido e a liderança parlamentar. "Tomámos a decisão de não replicar na direcção nacional aquilo que é o conjunto de porta-vozes existentes no Grupo parlamentar do PS. Os porta-vozes do Grupo Parlamentar são os porta-vozes do PS", acentuou, tendo ao seu lado o presidente da bancada socialista, Ferro Rodrigues.

Mas o secretário-geral do PS foi ainda mais longe, dizendo que a sua direcção "não tem essa lógica esquizofrénica de que há o partido e há o Grupo Parlamentar".

"O Grupo Parlamentar do PS é uma instância do PS e exprime as posições do partido. Como sabem, no passado, sempre que a direcção nacional quis criar porta-vozes paralelos aos do Grupo Parlamentar, mais tarde ou mais isso cedo contribuiu para a felicidade do jornalismo político, detetando as divergências entre o porta-voz 'do Rato' e o porta-voz do Grupo Parlamentar", declarou António Costa, numa nota de humor.

Interrogado se, na reunião, houve apelos de deputados do PS para que o partido tivesse uma intervenção mais incisiva, António Costa respondeu com um "não".

"Debatemos a posição do PS perante os últimos dados da evolução na Europa e as posições que devemos adoptar nesse sentido para prosseguir a actividade de oposição e de construção da alternativa", afirmou.

Nas declarações que fez aos jornalistas, o secretário-geral do PS referiu-se também às reuniões de hoje à noite da Comissão Política e no sábado na Comissão Nacional, o órgão máximo dos socialistas entre congressos.

"É um momento em que estamos a debater o conjunto de propostas a apresentar, tendo em vista aprofundar a dinâmica de mudança que ocorre a nível europeu e que deve ser acompanhada e incentivada por Portugal", defendeu.

Neste contexto, Costa considerou como "bons sinais" o plano de investimentos da Comissão Europeia (o chamado Plano Juncker), a "nova leitura" de Bruxelas sobre o Tratado Orçamental e a posição agora assumida pelo Banco Central Europeu de intervenção no mercado para compra de dívida pública.

"São decisões que estão no sentido correcto, que é necessário reforçá-las, dando-lhes maior dimensão, ambição e consistência. É importante que o Governo português também acompanhe", advertiu.

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