Costa destaca emprego das 21 causas do programa socialista

Líder do PS reitera promessas de subir salário mínimo, da redução da taxa do IVA da restauração e da reposição dos salários e pensões na função pública.

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António Costa lembrou os estados gerais de António Guterres há 20 anos Nuno Ferreira Santos
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O candidato presidencial Sampaio da Nóvoa esteve na convenção socialista Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do PS, António Costa, encerrou este sábado a Convenção Nacional - convocada para aprovar o programa eleitoral a apresentar às próximas legislativas - dedicando o seu discurso quase em exclusivo ao tema do emprego.

Depois de os delegados terem aprovado o documento com um voto contra e sete abstenções, o líder do principal partido da oposição explicou por que é que considera que a prioridade do combate ao desemprego resume a resposta para todos os problemas que um futuro governo por si liderado terá de enfrentar. “Para todos o emprego é uma questão central”, afirmou o líder socialista antes de elencar o impacto do seu aumento nos mais variados sectores.

“Essencial” mesmo “para os empresários”, assegurou, já que “sem aumento de procura não haverá consumo e não haverá crescimento das empresas. O secretário-geral do PS apresentou ainda o emprego como “factor de modernização das empresas”. Afinal, garantiu no Coliseu dos Recreios, a melhor forma de instalar o saber universitário no sector empresarial era mesmo criar “as condições” para que os jovens universitários tivessem espaço no sector privado.

“Essencial”, igualmente para a sustentabilidade da Segurança Social, uma vez que “a criação de emprego [servia] para aumentar o número de contribuintes”. Importante também pelas “crianças que ficavam por nascer”, à conta dos potenciais pais sem recursos para fazer crescer a família. “Essencial”, mais uma vez “para os jovens que emigraram”.

Mas António Costa definiu também o emprego como uma “questão de cidadania”: "Quem não tem emprego fica à margem da sociedade e quem está à margem da sociedade não pode participar activamente com liberdade, democraticamente, nas escolhas do futuro do país.

Por influenciar também a “dignidade” das pessoas, Costa assumiu a aposta no emprego como forma de lutar pela “igualdade salarial entre homens e mulheres”. E o fim dos contratos a prazo que “deixaram de ser meio-caminho andado para o contrato definitivo”.  

Foi já depois de assumir algumas das promessas constantes no programa, como o aumento salário mínimo, da redução da taxa do IVA da restauração, da reposição dos salários e pensões na função pública, e do programa de reforma a tempo parcial que Costa ensaiou a colagem a outra convenção que foi o ponto de partida de uma vitória eleitoral socialista. Recordou os Estados Gerais que antecederam a eleição de António Guterres, precisamente, realizado no Coliseu dos Recreios. Para demonstrar que o PS tinha trabalho feito e cumpria promessas. "Recuo estes 20 anos e olho para os compromissos que aqui assumimos, como o combate à pobreza com o rendimento mínimo garantido, a generalização do ensino pré-escolar, ou o sonho [do antigo ministro] Mariano Gago de dotar Portugal de uma política científica. Vinte anos depois, digo que valeu a pena e vale a pena estarmos cá hoje outra."

Mas se Costa pretendeu replicar o elán dos Estados Gerais, a sucessão de actuais e antigos dirigentes socialistas fez questão de marcar uma diferença em relação à primeira vitória legislativa de António Guterres. Todos sublinharam a necessidade de um outro resultado no dia das eleições. Depois dessa convenção, também a poucos meses de eleições legislativas, os socialistas venceriam as eleições com 43% mas ficando a um deputado da maioria absoluta. “Venho aqui dizer que Portugal precisa que o PS ganhe as eleições”, disse Manuel Alegre já no encerramento da Convenção antes de pedir a Costa para lutar “pela maioria absoluta”. Ferro Rodrigues subiu ao palco para explicar como atingir o objectivo: “É necessário, para ganhar eleições, ter o apoio da classe média e ter o apoio do centro. Mas para ganhar as eleições com maioria absoluta é necessário ter o apoio do povo de esquerda, que quer o PS a governar Portugal.”

Um dia antes, o presidente da distrital de Lisboa já assumira essa ambição. "Não é o PS que precisa de ganhar as eleições. É o país que precisa que o PS ganhe com clareza as próximas eleições. Estamos de acordo com o Presidente da República. Devemos poupar o país às dificuldades de formação de um governo minoritário. Respondamos afirmativamente ao apelo do Presidente da República e lutemos por uma maioria absoluta do PS, para que o país tenha o Governo que merece e de que precisa, o mais rapidamente possível", afirmou Marcos Perestrello. 
 
António Costa optou por evitar esse tema no último discurso do dia. A mensagem já tinha, afinal, sido transmitida por outros.

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