Costa acusa Seguro de ter "visão infantil" da política

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António Costa pretende ser presidente da AML Enric Vives-Rubio

O candidato às primárias do PS António Costa considerou esta quinta-feira que "só quem tem uma visão infantil da política é que pode achar que é um desafio cómodo para oportunistas" aquele que o partido tem quando for Governo.

No discurso da inauguração da sede de campanha em Matosinhos, António Costa nunca se referiu diretamente ao seu opositor, o secretário-geral do PS, António José Seguro, mas afirmou que as lideranças têm que ser "capazes de não recear dizer aquilo que é necessário dizer, nem estarem a guardar em silêncio o que devem dizer, porque um líder diz sempre tudo o que tem que dizer". O candidato às primárias do PS realçou que "é muito o trabalho que é necessário fazer para conseguir recuperar os danos provocados pelo atual Governo" e foi perentório: "só quem tem uma visão infantil da política pode achar que este é um desafio cómodo para oportunistas".

Para António Costa, este é um desafio "para quem tem o sentido e a noção da responsabilidade do que é que é preciso para o país". De acordo com o presidente da Câmara de Lisboa, deste desafio faz também parte conseguir "relançar a economia e para resolver os problemas de fundo indo à raiz dos problemas que são necessários resolver" para que Portugal tenha efetivamente "a capacidade de voltar a ser competitivo".

"Se alguém pensa que a vitória está ali à mão de semear e se alguém pensa que o que se pede agora para quem vá para o Governo é glória e fama fácil é porque não percebeu qual é o estado do país nem percebeu a dificuldade do que vamos ter que fazer para estarmos à altura daquilo que os portugueses exigem ao futuro Governo de Portugal", criticou.

Na opinião de António Costa, o que faz também as lideranças é estas "perceberem a dimensão dos desafios e estarem à altura desses desafios" e "serem capazes de unir, mobilizar, de andar em frente".

A única resposta direta a António José Seguro - que numa entrevista à edição de hoje da revista Visão disse que o PS associado aos negócios e aos interesses apoia António Costa - partiu do vereador e líder da concelhia do PS/Porto, Manuel Pizarro: "surpreende-me que um secretário-geral que é tão fraquinho a falar contra o Governo da direita, levante tanto a voz a falar contra outro camarada do mesmo partido".

O presidente da Câmara de Lisboa realçou que "há muita gente" que olha para o partido com expectativa e com esperança "porque sabe que, contra tudo e contra todos, é com o PS que pode contar para construir a alternativa ao atual Governo".

"Mas para sermos essa alternativa, nós temos de dar a Portugal algo mais do que demos até agora. É isso que as pessoas nos pedem. Temos de nos bater e temos de nos bater com ambição e sem conformismos", sublinhou.

Costa fez questão de repetir um farpa que tem atirado: "quem aceita ganhar por poucochinho é porque já desistiu de fazer mais do que poucochinho quando for Governo".

António Costa esteve em Matosinhos, bastião socialista que o PS perdeu nas últimas autárquicas para o agora independente e ex-socialista Guilherme Pinto, que foi reeleito para o terceiro mandato depois de se ter desvinculado do partido em rutura com a atual direção liderada por Seguro.

Guilherme Pinto esteve na inauguração da sede - assim como o cabeça de lista do PS derrotado nas autárquicas, António Parada - e assinou a sua ficha de simpatizante do partido, simbolicamente ao lado de António Costa, que fez questão depois de realçar a grande satisfação por ver ali "toda a família socialista".

O presidente da Câmara de Matosinhos foi perentório quando disse aquilo que é preciso num primeiro-ministro a sério: "alguém que seja de boas contas mas que não ande permanentemente a fazer ajustes de contas".

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