Congresso para unir o PS

Está em causa a necessidade da urgente clarificação de uma estratégia diferenciadora.

Os resultados que o PS obteve nas eleições legislativas não correspondem à expectativa criada junto dos militantes e de um país que se quer mais justo.

Politicas cegas de austeridade, que ultrapassaram todos os limites, tiveram consequências profundamente negativas na vida dos cidadãos.

Portugal e os portugueses ficaram mais pobres em consequência dessas políticas. A pretexto que a menos Estado corresponde melhor Estado, privatizaram-se sem critério empresas estratégicas. Desativaram-se e desarticularam-se serviços públicos essenciais. A anunciada reforma do Estado foi um nado-morto e uma oportunidade perdida. O papel de afirmação de Portugal no mundo deixou de ser tido em conta.

Cabe perguntar – por que razão o PS defraudou assim as expectativas que nele se depositavam?

A pergunta não ilude a forte diminuição da votação na coligação, ocorrendo um reforço da representação partidária parlamentar dos eleitores que votaram na mudança e na esperança, mas com números cada vez mais preocupantes no voto de protesto e na própria abstenção.

No PS sabemos que cada militante é parte do todo.

A situação atual, nacional, internacional e interna do PS, é muito complexa e as causas dos resultados alcançados pelo partido têm assim de ser analisadas em profundidade, atendendo a todos os fatores, endógenos e exógenos.

O PS é demasiado importante para o país para prescindir de quem quer que seja no debate que, a esse propósito, tem e deve ter lugar sob a matriz da génese da fundação do partido, que servirá de guia.

Os militantes e simpatizantes do partido não são nunca adversários de si próprios. Incumbe-lhes a responsabilidade de melhorar o partido para melhor servir o país e o interesse comum. É nosso dever defender a importância da política na governação dos povos e afirmar a estratégia do PS como uma alternativa consistente para o País!

O PS deve assim, nesta hora, reforçar a consciência que são as políticas dos partidos da coligação de direita que estão em causa e que apesar de ter tido mais votos que o PS, ela viu restringida a margem de manobra, devendo o PS assumir a responsabilidade histórica de colocar, acima de tudo, o interesse nacional que assenta essencialmente na afirmação de Portugal no mundo, no crescimento económico, na criação de emprego, na defesa da segurança social pública e no reequilíbrio fiscal.

O Congresso que se avizinha servirá para definir a estratégia politica, previamente debatida e para legitimar a eleição de novos órgãos dirigentes e de uma nova forma de fazer política que reforce a confiança dos portugueses no PS e nas instituições democráticas.

Para a marcação do Congresso deverá ser tido em conta que os deputados da Assembleia da República, recentemente eleita, só tomarão posse no final do corrente mês. Posteriomente, irá ser apresentado o novo Governo e  iniciar-se a campanha para a eleição do Presidente da República que só tomará posse a 9 de Março de 2016, como sempre ocorreu, e o Presidente eleito não poderá dissolver o parlamento por razões constitucionais até setembro do próximo ano.

Os signatários declaram não prescindir do seu contributo e da participação responsável a todos os níveis, empenhando-se no objetivo de unir o partido com base nos princípios e valores do ideário do socialismo democrático que tem e deve ser aprofundado sem cedências a conceções que endeusam os mercados e desvirtuam o papel insubstituível das funções de Estado.

Está em causa a necessidade da urgente clarificação de uma estratégia diferenciadora, a ser votada no Congresso que estatutariamente se avizinha. E unir o PS, partido estruturante e indispensável à democracia portuguesa, é uma responsabilidade de todos os militantes, em nome do interesse nacional e do futuro de Portugal e dos Portugueses!

 

Vítor Ramalho, Jorge Seguro Sanches, Marcos Sá, Paula de Deus, António Carlos Santos, José Reis, Diana Andrade, Luís Graça, Filipe Barroso (dirigentes do PS)

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