Congresso depois das presidenciais legitima capacidade negocial de Costa

Comissão política do PS discute data ideal para o conclave e forma de posicionamento do partido no Parlamento e face à coligação.

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António Costa colocou de parte a hipótese de um Governo de Bloco Central com PSD e CDS Nuno Ferreira Santos

Antes de começar, o debate que o PS tinha para fazer na sua comissão politica já estava a ser feito no Largo do Rato. A data ideal para o Congresso e a inclinação do partidos – à esquerda ou direita – eram os tópicos quentes esta terça-feira à noite, antes de começar a reunião da comissão política que deveria esclarecer a posição do partido sobre essas duas matérias.

Embora sem estar totalmente fechada, a posição da liderança socialista perecia tender para a realização do congresso e respectivas eleições directas só após as eleições presidenciais, apontadas para Janeiro de 2016.

Entre a rápida clarificação e a legitimição da capacidade negocial de Costa, no actual momento decisivo, o líder parecia estar mais inclinado a preferir a última.

Uma percepção que transpirava não só nas reuniões que Costa teve ao longo dia – com os dirigentes das distritais e com os deputados – mas também à porta da sede socialista, onde os dirigentes, à medida que iam chegado, manifestavam abertamente a sua posição.

Em relação à data ideal para o Congresso, somavam-se mais os apoios para a sua realização após as eleições presidenciais. O ex-ministro Vera Jardim sustentou que discutir agora a liderança do partido era “um mau serviço para o PS e um péssimo serviço ao país”.

Álvaro Beleza, que desafiou a liderança de Costa após as eleições de domingo apoiou a clarificação “após as presidenciais” mas através de primárias.

Quanto à política de entendimentos, à entrada da reunião da comissão política, a disparidade de posições tornava-se evidente. Vera Jardim, ex-ministro da Justiça, via como exequível o “diálogo com a coligação”, enquanto que “à esquerda” não via “capacidade de diálogo nenhuma”.

O reverso da medalha surgiu com o ex-presidente da câmara de Lisboa e antigo candidato à liderança do PS, João Soares, defendeu que o Ps devia comprometer-se “seriamente com a obtenção de uma maioria absoluta de esquerda”, através de uma “negociação  séria com o BE e o PCP”.

Mas o líder socialista poderá optar por uma terceira via. "Quem, aos olhos do país, não fizer um esforço de consenso corre o risco de ser terraplanado", resume um dirigente socialista próximo de António Costa. 

Isso não significa que o tal "esforço" se resuma a uma negociação com o Governo liderado por Passos Coelho. Este dirigente defende que o PS tem de criar condições "para um diálogo à esquerda que deve ser permanente".

No fundo, a "táctica" do PS passa por assumir-se como "charneira" no novo Parlamento, mantendo abertas todas as vias de negociação, com um e o outro lado do hemiciclo. Retirando, por um lado, margem para que a coligação PSD/CDS acuse a oposição de bloquear o Governo, ao mesmo tempo que mantém com a esquerda parlamentar um "diálogo" que mantenha em aberto outra solução de governabilidade alternativa.

 

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