Comissão política do PS terá de votar acordo sobre governação

António Costa vai esta sexta-feira à sede do PSD para uma primeira reunião com Passos Coelho e Paulo Portas. Socialistas não deverão adiantar negociações e esperam que coligação dê o primeiro passo.

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Costa leva na terça-feira as negociações com os outros partidos à Comissão Política Nuno Ferreira Santos
Passos Coelho e Paulo Portas reunem-se hoje com António Costa
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Passos Coelho e Paulo Portas reúnem-se hoje com António Costa Daniel Rocha

A Comissão política do PS tem de votar qualquer decisão sobre a realização de um acordo que tenha a ver com questões de governação, segundo os estatutos do PS. Mas o secretário geral do PS, António Costa. pretende manter a direcção próxima do evoluir das diligências junto dos outros partidos com assento parlamentar e na terça-feira irá levar à reunião deste órgão de direcção o resultado da primeira ronda de audições aos outros partidos parlamentares sobre a forma de encontrar uma solução estável de governo com a participação do PS.

Esta sexta-feira de manhã, António Costa e a delegação do PS vão à sede do PSD reunir-se com a delegação da coligação Portugal à Frente, liderada por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, respectivamente presidentes do PSD e do CDS. Depois desta reunião e do encontro com o PCP na quarta-feira, a ronda de audições inclui ainda uma reunião com o PEV esta sexta-feira à tarde e com o BE e o PAN na segunda-feira.

Na reunião com o PSD o CDS o que é expectável é que caibam a Pedro Passos Coelho, secundado por Paulo Portas, as despesas do serviço. Não só a coligação ganhou as eleições, como foi o próprio Passos que assumiu logo na noite de domingo, ao fazer a declaração de vitória, que iria convidar o PS para negociações com o objectivo da formação de governo.

“O PS vai ouvir, já que é a coligação que tem o ónus de criar condições de governabilidade”, explicou um responsável socialista ao PÚBLICO. Mas os socialistas não deverão adiantar as negociações e deixarão essa questão para um segundo momento, ou seja, após terminada a primeira volta de conversações do PS.

Assim, compete a Passos explicar as suas intenções e fazer o convite ao secretário-geral socialista para negociarem uma viabilização socialista do programa do Governo e também o Orçamento de Estado para 2016. De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, é natural que Passos Coelho explique as condições da coligação para que haja um acordo e frise o interesse em entrar em acordo com os socialistas, de modo a garantir a estabilidade governativa.

Nesse sentido, Passos Coelho deverá sublinhar o facto de o PS ser, a par do PSD, um partido construtor da integração europeia de Portugal e colocará como únicos limites à negociação as regras da União Europeia. Segundo um responsável da coligação afirmou ao PÚBLICO, é central para a formação do próximo Governo o entendimento entre “quem se revê no euro e no projecto europeu e quem não se revê”.

Daí que o mesmo responsável da coligação tenha afirmado que um acordo de governação é uma questão estrutural do Estado e não uma negociação que fica apenas por “questões circunstâncias”. Aproximando-se das condições colocadas pelo Presidente da República quando, na terça-feira, comunicou ao país que tinha encarregado Pedro Passos Coelho de iniciar diligências com vista à formação de um acordo que garanta a estabilidade governativa.

O Presidente pôs como linha de demarcação para um acordo de governação os partidos pró-Nato, pró-União Europeia, pró-zona euro. Temas que levam à exclusão do BE e do PCP do perfil de parceiro que o Presidente deu a Passos Coelho para obter um acordo que conduza à criação de estabilidade governativa.

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