Comissão de Trabalhadores da RTP acusa MAI

A Comissão de Trabalhadores da RTP acusou hoje o ministro da Administração Interna de ter “induzido” ao crime

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Trabalhadores da RTP apontam o dedo ao MAI

Num comunicado muito crítico para com a actuação do Governo, o órgão representativo dos trabalhadores afirma que “não pode tolerar-se que homens de mão do ministro [Miguel Macedo] entrem na televisão pública como numa quinta sua, sem mandado judicial, para visionar e requerer cópias de imagens destinadas exclusivamente ao trabalho jornalístico”.

 

A CT aponta também o dedo ao ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que “tolera toda esta intromissão e dela se faz cúmplice, por acção ou omissão”.

Por isso, exige que se apurem as “responsabilidades políticas” neste caso polémico que jálevou ao pedido de demissão do director de Informação, na noite de quarta-feira. Nuno Santos considera que se quebrou a relação de confiança entre a sua direcção e a administração. A equipa liderada por Alberto da Ponte decidiu abrir um inquérito interno argumentando que não admite que se possam pôr em causa direitos fundamentais.

A CT diz que o Governo está a fazer uma “operação de guerra psicológica” para intimidar quem se tem manifestado nas ruas nos últimos meses. Para isso, “quis contar com imagens gravadas pela RTP”. Mas o resultado, diz aquele órgão, não foi o esperado: “Aqui enganou-se. A cada passo que dava dentro da RTP, o pedido governamental tropeçava na resistência dos trabalhadores.”

“Não pode tolerar-se que Miguel Macedo, para efeitos da propaganda do Governo, induza ao crime – seja com as pedradas dos seus infiltrados, seja com pedidos de imagens que pressupõem uma violação da legalidade pela RTP”, lê-se ainda no documento.

A CT considera que “uma parte das responsabilidades foi assumida pelo director de Informação e pelo Conselho de Administração. Nada foi dito pela Direcção-Geral de Conteúdos. Um inquérito interno irá correr para apurar outras responsabilidades.”

Sindicato pede esclarecimento

O Sindicato dos Jornalistas também exigiu, ao início da tarde desta quinta-feira, o esclarecimento dos factos e “a adopção de medidas urgentes para acautelar os direitos e garantias dos jornalistas”.

Segundo o SJ, depois de ter sido alertado “para a possibilidade de estar em curso a realização de cópias de material de reportagem não emitido, relativo aos incidentes” junto à AR “para ceder a autoridades policiais para fins de investigação das ocorrências referidas”, aquele sindicato acompanhou as diversas reuniões entre a direcção de Informação e os órgãos representativos dos jornalistas e trabalhadores.

Ao SJ, membros da direcção de Informação terão garantido que as imagens foram feitas por sua iniciativa “com o exclusivo fim de dotar de meios de prova uma eventual participação criminal pela prática de actos contra meios e trabalhadores da RTP, desde que os intervenientes o autorizassem”.

Porém, cientes dos riscos que tal situação acarretava, essas imagens acabaram por ser destruídas pela direcção de Informação que também “deu garantias, nomeadamente ao Conselho de Redacção, de que não foram fornecidas às autoridades quaisquer cópias de material de reportagem não emitido”.

 

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