Coligação PSD/CDS antecipa linhas do programa para marcar convenção do PS

Maioria prepara jornadas pelos distritos para meados de Junho. Comissão nacional dos dois partidos vai integrar seis independentes.

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Coligação afina a máquina enric Vives-Rubio

A coligação PSD/CDS não vai deixar que os socialistas marquem a agenda mediática e vai já antecipar algumas linhas do programa antes de dia 6 de Junho, a data marcada pelo PS para a apresentação das propostas eleitorais. Os dois partidos da actual maioria estão a aquecer motores para uma campanha que seguirá um modelo tradicional, com comícios e contactos nas ruas. Na recta final da campanha, Passos Coelho e Paulo Portas preparam-se para percorrer o país.

O programa da coligação PSD/CDS só deverá ser apresentado no final de Junho, mas os partidos vão já avançar com algumas bases programáticas numa data que deverá ser antes de dia 6 para ensombrar o folêgo do PS. Depois do debate interno, António Costa apresenta o programa eleitoral do partido na convenção, marcada para os dias 5 e 6 de Junho.

As bases programáticas do PSD/CDS vão ser depois debatidas no âmbito de umas jornadas da coligação – Juntos por Portugal - que os dois partidos estão a preparar para meados de Junho nas várias distritais pelo país. Essa foi uma das informações transmitidas aos dirigentes distritais do PSD e do CDS, que se reuniram na quarta-feira na sede dos centristas em Lisboa. As jornadas serão semelhantes às que já aconteceram entre os dois partidos este ano – ainda antes da assinatura da coligação – e vão servir para abrir o debate à sociedade civil.

A reunião de quarta-feira com os dirigentes dos dois partidos e equipas de campanha traduziu-se num esforço de articulação entre os dois partidos. Exemplo: A partir de 1 de Junho já não poderão realizar-se iniciativas isoladas do PSD ou do CDS, mas apenas da coligação.

Já foi criada a comissão nacional conjunta que, ao que o PÚBLICO apurou, vai integrar seis personalidades independentes (três indicados por cada partido), além de dois vice-presidentes, secretários-gerais, líderes parlamentares e os directores de campanha (José Matos Rosa pelo PSD e Cecília Meireles pelo CDS).

Até ao período de campanha oficial, que deve ser a partir de meados de Setembro (depende da marcação da data das eleições), a coligação quer ter uma comunicação forte. Além das jornadas pelas distritais, os dois partidos assinalam o quarto aniversário da tomada de posse do Governo.

PSD e CDS estão a mobilizar-se para a pré-campanha com a mensagem do “trabalho feito” pelo Governo nos últimos quatro anos. Mas, à medida que se aproxima a data das eleições, a coligação deverá dar uma imagem de esperança, embora nunca deixe cair o rigor das propostas. Até porque essa é a palavra inscrita nos actuais cartazes de rua de António Costa.

Albuquerque embaraça com cortes de pensões
Apesar de nenhum dirigente do PSD e do CDS assumir publicamente, as declarações da ministra das Finanças no passado fim-de-semana causaram embaraço e uma dor de cabeça. Para deputados da maioria contactados pelo PÚBLICO, as declarações de Maria Luís Albuquerque, que admitia cortar pensões em pagamento, criaram pressão em torno da elaboração do programa eleitoral da coligação.

Há quem defenda que o texto final terá de ter a solução desenhada para a redução da despesa de 600 milhões de euros, prevista no Plano de Estabilidade, e que não pode ser um princípio vago.

Já na fase da campanha eleitoral, está previsto que os dois líderes percorram o país, participando em jantares-comícios. Os sociais-democratas e centristas preparam uma campanha tradicional, com visitas institucionais (a empresas por exemplo) mas também contactos com a população.

O tom já foi dado: a campanha é de esclarecimento das propostas do programa eleitoral. “Será uma campanha poupada e pela positiva”, afirmou Pedro Mota Soares, o dirigente centrista que está a coordenar a coligação em conjunto com Marco António Costa, número dois do PSD.

Os dois ‘vices’ falaram aos jornalistas no final do encontro para deixar a mensagem da poupança de recursos: menos 1,8 milhões de euros face aos 4,6 milhões gastos pelos partidos em 2011, quando concorreram em separado. O vice-presidente do PSD referiu que a coligação terá uma “rede diminuta de outdoors”. A aposta será também na Internet, em particular nas redes sociais. 

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