O dia de campanha da coligação Portugal à Frente apimentou esta terça-feira e não foi por causa de uma visita a uma fábrica de molho picante. Foi sim uma notícia que aponta a actual ministra das Finanças como a responsável de terem sido ocultados prejuízos no BES para maquilhar o défice de 2012. Passos Coelho negou e defendeu-a em toda a linha: “Se fosse eu fazia a mesma coisa”.

A passagem da coligação PaF pelo distrito de Coimbra foi um exclusivo de visitas a fábricas. Excepção feita a uns minutos na praia de Mira, em que alguns banhistas aproveitavam o bom dia de sol e um areal deserto. A uma das poucas banhistas que os dois conseguiram cumprimentar, Paulo Portas apelou: “Faça aí um bocadinho de campanha na praia”. É que a caravana seguia para um almoço numa empresa, a terceira da manhã.

Na primeira unidade fabril, já com a notícia do BPN, avançada pela Antena 1, a marcar a manhã, Passos e Portas acompanharam a produção de azeitonas, pickles e molho piri-piri. O cheiro é ácido, mas Passos Coelho aprecia: “Cheira bem a azeitoninha”. Com a comitiva vestida de batas e toucas brancas, uma trabalhadora aproxima-se para dar o seu apoio a Passos Coelho. O discurso era perfeito: “Gosto muito de si, vou votar em si porque ninguém vai fazer melhor”. E remata: “Milagres só Jesus Cristo”. Nem faltou a palavra “estabilidade” que tem andado na boca dos dirigentes da coligação por estes dias.

O cenário de derrota eleitoral continua a ser tabu, mas Passos Coelho admitiu aos jornalistas ser “normal” que os resultados das eleições tenham consequências em “todos os partidos”. No mesmo momento de declarações à imprensa, o primeiro-ministro foi peremptório a negar qualquer ocultação de prejuízos no BPN e insinuou haver “interesses” em fazer sair notícias incómodas para o Governo. Mas sem revelar quem tem esses interesses.  

À tarde, mais uma fábrica, desta vez de pastéis. Depois da visita, há lanche com rissóis, pastéis de bacalhau e chamuças. A conversa é distendida, sem stress. Há tempo para isso até ao jantar.