Cimeira governamental Portugal-Argélia prevista para o início de 2015

Rui Machete fez uma visita-relâmpago de 24 horas à Argélia. Encontro diplomático deverá ter lugar em Fevereiro.

Foto
Rui Machete Miguel Manso

Portugal e a Argélia vão realizar no início de 2015 uma cimeira de chefes de Governo para dar novo impulso às relações bilaterais, anunciou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.

"Fevereiro é a proposta do primeiro-ministro, e é importante porque permite um grande impulso às nossas relações. Espera-se a conclusão de diversos processos em curso e que comecem novas iniciativas", referiu na noite de segunda-feira o chefe da diplomacia portuguesa no rescaldo de uma visita oficial de 24 horas ao país magrebino e depois uma reunião com o chefe do governo argelino, Abdelmalek Sellal.

A "agilização das viagens" através de facilitação da emissão de vistos destinados a deslocações de empresários e outras categorias profissionais na perspectiva de concretização dos objectivos da parceria estratégica foi outro aspecto sublinhado, a par de uma maior flexibilização do mercado interno do país para as empresas portuguesas.

"Pretende-se aumentar o número de projectos em que possam participar, e reciprocamente desenvolver o investimento argelino em Portugal. Aproveitando particularmente o facto de os argelinos desenvolverem um plano quinquenal, entre 2015 e 2020, com um investimento particularmente significativo da ordem dos 260 mil milhões de dólares", assinalou Rui Machete.

A importância de "encontrar uma fórmula de participação mais intensa da Argélia em iniciativas portuguesas que tornem melhor conhecido o sul do Mediterrâneo" foi outro assunto abordado, em particular o desejo de associar o país do norte de África ao Centro Norte-Sul, um mecanismo com sede em Lisboa e que procura fomentar os princípios democráticos e o crescimento socioeconómico dos países do Mediterrâneo.

"Não ficou completamente decidido mas há um empenhamento sério em considerar o problema pela parte argelina e desenvolver em colaboração connosco um programa que corresponda a estas necessidades e desejos", disse Rui Machete.

O ministro português completou assim o ciclo de deslocações aos países magrebinos do norte de África que integram o mecanismo de cooperação do Mediterrâneo ocidental e que ocorrem num período em que Portugal co-preside com Marrocos ao Diálogo 5+5, até Maio de 2015.

A análise "particularmente cuidada" da situação na Líbia, "onde os argelinos como vizinhos estão particularmente empenhados", e no Mali também ocupou a agenda da visita, para além das actuais e difíceis relações entre a União Europeia (UE) e a Rússia devido ao conflito ucraniano. Um conflito, segundo Rui Machete, "derivado da violação das regras do direito internacional por parte da Rússia, e ainda das consequências, incluindo as operações militares na parte leste da Ucrânia".

A volátil situação no Médio Oriente, em particular os conflitos na Síria, Iraque e a emergência do designado Estado Islâmico (EI) centraram também a atenção dos responsáveis diplomáticos. "Foi analisada a ameaça que representa o pretenso ou autoproclamado Estado Islâmico em relação à Europa e Magrebe, em particular o regresso dos que combatem pelo EI e das medidas que devem ser tomadas não apenas em relação a este aspecto mas também na luta contra o terrorismo", frisou o ministro português, que também apontou alternativas fora do âmbito militar para enfrentar este novo fenómeno.

"Foi considerado em particular que para além das acções militares há um problema extremamente importante de luta em matéria intelectual, da conquista dos espíritos a favor de soluções de paz e que evitem actos que no fundo representam crimes e que são cometidos por uma paixão cujas razões profundas é preciso descobrir, para as combater e evitar que essa situação se concretize", disse.

Ainda no âmbito económico, Rui Machete revelou a ambição das duas capitais de uma "cooperação mais intensa na vida diplomática e internacional, quer no que respeita às relações entre a UE e a Argélia e ao seu acordo de cooperação", para além de sustentar a necessidade de "disciplina do comércio internacional" que implicará a "participação da Argélia na Organização Mundial de Comércio (OMC)".

Rui Machete iniciou na tarde de domingo uma visita de 24 horas a Argel e foi recebido no aeroporto pelo seu homólogo Ramtane Lamamra, antes de participar num jantar com representantes institucionais e empresariais argelinos e portugueses que operam no país magrebino.

Na segunda-feira, após um novo encontro bilateral com o seu homólogo, seguido de uma reunião das delegações e um almoço oferecido pelo responsável argelino, o MENE deslocou-se à sede do Governo para um encontro com o primeiro-ministro Abdelmalek Sellal antes do regresso a Lisboa.

Sugerir correcção
Comentar