Chegou o nevoeiro

A direita perde votos (meio milhão, com PSD mais CDS agora próximos do PSD de 2011), o centro recupera muito pouco (e sem polarizar as vítimas da austeridade) e a esquerda ganha (Bloco impressiona e PCP mantém). Conclusão: a direita reclama o poder, não se sabendo, quando escrevo, se tem maioria parlamentar. No país real, a austeridade perdeu e por muito.

Na direita, Passos e Portas fizeram tudo segundo o guião, excepto respeitarem os eleitores e dizerem-lhes o que querem para os próximos quatro anos. Sem maioria, o seu governo será uma inviável alma penada. Com maioria, serão um risco para Portugal.

À esquerda, Catarina Martins ganhou e deslumbrou. Segura politicamente, afectiva na comunicação, preparada tecnicamente. E, sobretudo, portadora da única proposta que importa: soluções para promover o emprego, proteger a segurança social e reduzir a desigualdade. Tiro-lhe o chapéu.

No centro, o PS semeou dúvidas, com um programa liberal, um silêncio pesado sobre compromissos e erros de palmatória. Mas, se não houver maioria da direita, o PS terá de escolher: cede tudo ou apresenta uma alternativa com prioridades concretas contra a austeridade? E se a direita se impuser apesar de minoritária no país, não é menor a sua responsabilidade para conjugar propostas.

A todos, a minha recomendação: pensar menos no partido e responder pelo país, para enfrentarmos a tragédia do desemprego, a condenação a salários de pobreza, a emigração como porta de saída. A urgência ficou mais urgente.

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