Sampaio da Nóvoa: “Não quero ver a minha Pátria à beira de um rio triste”

Costa chamou como convidados alguns independentes para intervir no Congresso, incluindo os que trabalharam com António José Seguro, como o ex-reitor da Universidade de Lisboa - que levantou o congresso -e o economista Caldeira Cabral.

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António Sampaio da Nóvoa subiu ao palco como independente mas falou como um verdadeiro socialista. Com um discurso catalisador e um cravo vermelho na mão, o ex-reitor da Universidade de Lisboa referiu-se ao tempo de António Costa à frente do PS como “o nosso tempo”, o “tempo de mudar Portugal” em que disse que “todos devem estar presentes”.

Sampaio da Nóvoa, um presidenciável que já tinha estado com António José Seguro na preparação do seu Contrato de Confiança, foi um dos independentes convidados por António Costa para intervirem no Congresso, e fez um dos discursos da tarde.

Ergueu a voz contra o capitalismo selvagem e contrapôs a necessidade de um Estado social sólido. Falou de uma “nova política”, de uma “democracia democrática” aberta às pessoas e aos movimentos sociais. Falou de coligações sem lhes referir, dizendo que o PS tem de estar aberto “a todas as esquerdas, a todas as forças de mudança existentes em Portugal”.

"É tempo de abrir um tempo novo para Portugal e para os portugueses", defendeu, de cravo vermelho na mão, "sempre, mas sempre, a partir da liberdade de Abril, que não é vazia, que é compromisso, justiça social".

O universitário sublinhou que a referida liberdade "não se conforma com o estado de emergência, com uma crise que se perpetua, torna permanente a dívida - uma dívida que tem de ser renegociada -, que se transformou em política, numa política errada de austeridade, uma crise que atinge os fundamentos da democracia, tornando os povos reféns de interesses inomináveis".

"A mudança terá de ser radical, ir às raízes e as nossas raízes comuns estão em Abril, na liberdade, uma liberdade cheia, uma liberdade de direitos", defendeu, antecipando um "movimento amplo, aberto a todas as esquerdas".

“Não quero ver a minha pátria à beira de um rio triste, não quero perder Portugal nem por silêncio nem por renúncia”, afirmou, levantando o congresso numa intensa ovação.

Também presente disse Jorge Reis Novais, professor de Direito Constitucional da Universidade de Lisboa, com um discurso de defesa da Constituição e de frontal oposição ao Governo. "Até onde teria ido este Governo se não fosse limitado pela Constituição e pelo Tribunal Constitucional?", perguntou. 

Caldeira Cabral diz que os cortes do Governo “são uma vergonha”
Manuel Caldeira Cabral, que foi conselheiro de António José Seguro, subiu ao placo do Congresso do PS para criticar a política de cortes do Governo de Passos Coelho. O economista acusou o Governo de ter “cortado onde não devia, mas onde era mais fácil”, uma estratégia que não teve expressão na redução da despesa pública. “A despesa pública do PIB [Produto Interno Bruto] em 2015 será idêntica à de 2011, no entanto, conseguiu-se corta 40% do Rendimento Social de Inserção. Não era aqui que se devia de ter cortado. É uma vergonha!”, criticou.

Ao intervir no XX Congresso do PS a decorrer no Parque das Nações, em Lisboa, o conselheiro de António José Seguro para as áreas económica e europeia classificou como “uma vergonha” os cortes feitos pelo Governo de Pedro Passos Coelho. “A reforma do Estado não é cortar, é pôr o Estado a funcionar melhor e de uma forma mais eficiente e que dê confiança aos cidadãos e aos investidores”.

Convidado a discursar na reunião magna dos socialistas, o independente considerou que “é possível fazer o país crescer mais” e que “o desafio deste congresso não poder ser o de ganhar as eleições [legislativas de 2015], o desafio é mobilizar os portugueses para uma mudança que leve o PS a vencer as eleições”.

Antes de Caldeira Cabral falaram Maria Manuela Leitão Marques, coordenadora da equipa que elaborou a Agenda para uma Década de onde sairá o futuro programa de Governo do PS, e Lídia Sequeira, ex-presidente do porto de Sines.

Maria Manuela Leitão Marques disse que “Portugal é hoje um país mais desigual onde a pobreza aumentou significativamente”. “Estamos inquietos com o futuro do país como nunca estivemos”, afirmou. Já Lídia Sequeira centrou a sua intervenção no mar, uma das áreas abordadas na Agenda para a Década. 

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