Centrista Filipe Anacoreta diz que Portas cometeu “erro político”

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Oposição a Portas critica Yves Herman/Reuters

O líder da tendência do CDS-PP Alternativa e Responsabilidade, Filipe Anacoreta, defendeu nesta segunda-feira que Paulo Portas cometeu um "erro político" ao manifestar-se contra os cortes nas pensões e argumentou que o partido tem que apresentar alternativas.

"O doutor Paulo Portas cometeu um erro político ao ter afirmado de uma forma peremptória oposição a medidas que procurem solucionar o problema da sustentabilidade da Segurança Social e que, dificilmente, poderão não passar por algum tipo de cortes em relação às pensões", afirmou.

Para o líder da Alternativa e Responsabilidade (AR), Portas devia ter sido mais "ponderado e cauteloso" e "corre o risco de cometer o mesmo erro do passado, quando disse que era frontalmente contra o aumento de impostos".

"O CDS poderá estar a contribuir para alimentar expectativas que depois não tem capacidade para satisfazer", afirmou.Filipe Anacoreta diz que "é natural que numa coligação haja diferentes posicionamentos" e reconhece aspectos positivos à declaração do presidente do CDS-PP, Paulo Portas, no domingo, nomeadamente, o facto de ter sido "bastante clara, rompendo com uma certa ambiguidade que o partido vinha alimentando".

Contudo, para Filipe Anacoreta, tanto a declaração de sexta-feira do primeiro-ministro, Passos Coelho, como a comunicação do presidente do CDS, que é ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, contêm o "mesmo erro": "um grande silêncio" sobre outros cortes de despesa.

"Há um grande silêncio em relação a medidas importantes para sinalizar que o Governo não está apenas preocupado em cortar na despesa social, mas também noutro tipo de despesa: rendas no sector eléctrico, diminuição de receitas das parcerias público-privadas, financiamento partidário, dimensão do Estado político, como o número de deputados", afirmou.

Segundo Filipe Anacoreta, mais do que "afirmar-se eleitoralmente e posicionar-se perante um eleitorado importante", o CDS deve "apresentar alternativas".

"O CDS tem que, mais do que afirmar oposição ou adesão a determinadas medidas, que se pugnar pelas alternativas que identifica como melhores para os portugueses", sustentou.

Por outro lado, Filipe Anacoreta diz que "em nenhum momento houve debate interno", dizendo estranhar "que não tenha havido uma reunião para debater os problemas, independentemente das propostas".

"Estamos há cerca de seis meses à espera que o CDS se posicione publicamente sobre propostas concretas dirigidas ao equilíbrio estrutural do orçamento", afirmou.

"Foram vários os momentos em que o presidente do partido disse que ia falar, disse que ia convocar reuniões, primeiro a comissão política e depois o conselho nacional. Não aconteceu qualquer compromisso público e temos finalmente o presidente do partido não a pronunciar-se sobre as propostas do partido mas as avançadas pelo primeiro-ministro", frisou.

O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, disse no domingo não concordar com a nova contribuição sobre pensões e adiantou que o Governo vai negociar com a 'troika' para encontrar medidas de redução da despesa do Estado equivalentes."O primeiro-ministro sabe e creio ter compreendido que esta é a fronteira que não posso deixar passar", afirmou o líder centrista.

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