CDS fica com três dos 18 governadores civis e um vice

O PSD e o CDS-PP vão estender a todos os cargos da administração pública sujeitos a nomeação por confiança política, a lógica das quotas decorrente dos resultados eleitorais, conforme aconteceu na formação do Governo. Nesse sentido, o acordo estabelecido entre os dois partidos atribui ao PP três dos 18 governos civis do país, além de um vice-governador - cargo que só existe em Lisboa, Porto e Braga.

Embora o processo negocial para escolher os novos representantes do Governo nos distritos ainda não esteja totalmente encerrado - até porque o Executivo aguardava pela aprovação do respectivo programa na Assembleia da República e os seus representantes nos distritos apenas serão empossados no início de Maio -, o PÚBLICO apurou que os populares devem ficar com Bragança, Setúbal e, eventualmente, Évora. Por causa da ligação de Paulo Portas a Aveiro - o ministro da Defesa é militante desta distrital - e da influência autárquica do CDS, agora quase residual, se concentrar neste distrito, o PP gostaria de ficar com Aveiro, mas o PSD não vai ceder às pretensões do líder centrista.

A possibilidade de o distrito de Bragança ficar nas mãos de Domingos Doutel - que foi o candidato do CDS à Câmara de Mirandela, derrotado à tangente pelo social-democrata José Silvano - tem provocado uma forte contestação nas estruturas locais do PSD. Tanto a distrital "laranja" como os nove presidentes de câmara sociais-democratas deste distrito transmontano - que até já promoveram uma conferência de imprensa contra a escolha de Doutel - não escondem a sua oposição a esta hipótese. No entanto, por via do acordo firmado a nível nacional, o PP deverá ficar com Bragança.

"Estruturas partidárias estão efervescentes"

Quanto ao cargo de vice-governador que cabe na quota do PP, o mais certo é que seja o do Porto. As diversas coligações formadas entre os dois partidos nas duas últimas eleições autárquicas, pode favorecer um entendimento, mais difícil de concretizar em Lisboa ou em Braga. Na capital do Minho - onde o nome mais apontado para liderar o Governo Civil é o do deputado e secretário-geral adjunto do PSD, Luís Cirilo, que está também na calha para suceder ao fiel "barrosista" Fernando Reis à frente da distrital "laranja", ainda que se admita a hipótese de o presidente da autarquia de Vila Verde, José Manuel Fernandes, avançar -, o PSD não está nada interessado em ceder o lugar de vice-governador ao CDS.

Embora a concelhia popular de Braga tenha efectuado pressões nesse sentido - tentando que o cargo vá parar ao respectivo líder, Acácio Brito, que apoiou Portas no último congresso, apesar de ter sido um crítico do anterior mandato do líder popular, o que o fez aproximar dos "monteiristas" -, o presidente da distrital, o deputado Nuno Melo, garante que o Governo não o contactou, embora se afirme disponível para "sugerir" um nome se isso acontecer. Mas guiado por "uma lógica de mérito e não de "boys" como sucedeu com o PS", sublinha Melo.

A verdade é que a aplicação do princípio das quotas nos vários cargos de nomeação governamental espalhados pelo país tem vindo a agitar os meios políticos no terreno: "Enquanto os ministros andaram entretidos com a discussão e aprovação do programa do Governo, as estruturas partidárias nos distritos estiveram efervescentes", garantiu ao PÚBLICO um responsável do PSD. Acresce que, historicamente, em alguns locais, a convivência entre os principais dirigentes dos dois partidos agora coligados no poder nem sempre foi fácil, havendo até exemplos de aberta hostilidade.

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