Cavaco Silva quer que Portugal aposte na formação de professores em Timor

No final da visita a Timor-Leste, o chefe de Estado passou por uma escola em Liquiçá, uma das 11 de referência no país, onde leccionam professores portugueses e timorenses.

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O tribunal valorizou o facto de Cavaco Silva não ser Presidente da República quando fez a transacção Daniel Rocha

O Presidente da República considera que o português é um "vector estratégico" da cooperação entre Portugal e Timor-Leste e por isso quer que Lisboa aposte na formação de professores locais neste país asiático.

"A língua portuguesa é um vector estratégico da cooperação entre Portugal e Timor-Leste", afirmou o chefe de Estado, durante uma visita à Escola de Referência de Liquiçá, no litoral norte de Timor-Leste. Esta escola é uma das 11 de referência no país, no âmbito de um projecto de cooperação entre Portugal e Timor-Leste que junta professores portugueses e timorenses. Até ao próximo ano deverão abrir dois novos estabelecimentos destes, cobrindo assim todos os 13 distritos da ilha.

Actualmente estão em Timor-Leste 127 professores portugueses integrados neste projecto, e que o Presidente homenageou. "É devida uma homenagem aos professores portugueses que estão aqui em Timor e, em particular aqui, na escola em Liquiçá. Nos momentos mais difíceis da vida de Timor-Leste, não saíram, ficaram aqui, reconhecendo a importância da ligação de Portugal e do português a Timor-Leste. Eles têm feito um trabalho extraordinário (...) a tantos quilómetros de Díli e a tantos quilómetros de Portugal", declarou.

Cavaco Silva salientou também "a alegria e entusiasmo" com que estas crianças aprendem a falar e a escrever em português ao fim de "apenas um ou dois anos de ensino", e "como os pais reconhecem a importância da educação". Hoje em dia, a língua portuguesa é falada apenas pelas gerações mais antigas, mas não pela maioria dos cidadãos timorenses adultos, que falam tétum (língua nacional de Timor-Leste) e aprenderam indonésio na escola.

O Presidente defendeu que Portugal deve apostar, "a partir de agora", na formação de professores, "porque tem um efeito multiplicador". "Queremos que em breve nesta escola estejam, acima de tudo, apenas professores timorenses. É impossível ter professores portugueses em todas as escolas ou mesmo numa percentagem significativa de escolas em Timor-Leste, por isso a nossa aposta tem de ser reforçada na formação do professor", considerou.

Na escola, que tem quase 400 alunos distribuídos desde o pré-escolar até ao quinto ano, o Presidente, que estava acompanhado pela mulher, Maria Cavaco Silva, e pela vice-ministra timorense da Educação, foi recebido pelos alunos, alguns vestidos com trajes tradicionais. Cavaco Silva conversou com professores e com algumas crianças, que leram textos em português e os mais novos cantaram músicas tradicionais, enquanto outros alunos fizeram danças tradicionais de Timor e de Portugal.

Os professores portugueses manifestaram-se satisfeitos com o projecto que estão a desenvolver em Timor-Leste. A educadora Maria José Rosado destacou "o respeito" com que os professores são tratados pelos alunos e pais, mas também pelo resto da população.

Já o professor Paulo Ramalho regressou a Timor em Abril, depois de uma passagem anterior por este país, que lhe "ficou no coração". "É uma experiência gratificante ver a evolução das crianças", disse.

Natural de Timor, Iolanda Peixe formou-se em Portugal e afirma o seu entusiasmo por ajudar "os alunos a aprender português". A professora Diana Silva deixou em Portugal uma filha bebé para abraçar por "um ano ou mais" este "projecto de vida". "O estar aqui é mais importante que a família. Todos os dias vemos um sorriso e uma vontade de aprender enorme. É lindo de se ver", afirmou.

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