Cavaco destaca reconhecimento internacional às reformas estruturais de Portugal

O chefe de Estado encontra-se em Bucareste a participar no Fórum Empresarial entre Roménia e Portugal.

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O Presidente da República, Cavaco Silva, recusou ontem falar sobre o eventual aumento do salário mínimo tiago machado

O Presidente da República sublinhou o reconhecimento das instituições internacionais face às reformas estruturais em curso e aos compromissos assumidos pelas autoridades portuguesas.

Numa intervenção na abertura do Fórum Empresarial Roménia-Portugal, que começou esta quarta-feira em Bucareste, Cavaco Silva voltou a lembrar os resultados que têm sido alcançados na economia portuguesa, com o défice controlado, o desemprego a baixar e o investimento a crescer.

Repetindo parte da intervenção feita há dois dias na Bulgária, o chefe de Estado aludiu às reformas estruturais em curso, como a flexibilização da legislação laboral e os incentivos para melhorar a inovação e a competitividade empresarial, vincado o reconhecimento das instituições aos passos dados. "As instituições internacionais reconhecem que as reformas estruturais estão no caminho certo e que as autoridades portuguesas têm demonstrado grande transparência e comprometimento no processo", sublinhou.

Tal como na Bulgária, o Presidente da República apresentou Portugal como um país com uma "economia aberta", com excelentes infra-estruturas, condições naturais privilegiadas e recursos humanos altamente qualificados. "Somos um país acolhedor e seguro, com uma extensa e bonita costa e também paisagens fascinantes", disse, destacando igualmente a "excelente gastronomia e vinhos".

Apesar de já existir uma forte presença de empresários portugueses com negócios na Roménia - com mais de 100 empresas a operar naquele país do leste europeu - o Presidente da República incentivou portugueses e romenos a desenvolverem novas parcerias e investimentos, por forma a aumentarem as trocas comerciais. Em 2009, as exportações para a Roménia já atingiam os 240 milhões de euros, com as importações a rondarem os 131 milhões.

Bulgária e Roménia no Centro Norte-Sul dá "satisfação muito especial"
O Presidente da República congratulou-se com os resultados alcançados nas suas visitas de Estado à Bulgária e à Roménia, destacando o plano político, com o anúncio da adesão dos dois países ao Centro Norte-Sul. "Levo uma satisfação muito especial (...), enorme, pelo facto de garantirmos a continuidade do Centro Norte-Sul que está sediado em Lisboa", afirmou Cavaco Silva, numa conversa com os jornalistas em Bucareste, no final de uma visita de Estado de dois dias à Roménia, que foi antecedida de uma deslocação à Bulgária.

Sublinhando a importância das visitas no reforço das relações políticas, económicas e culturais dos dois países do leste europeu com Portugal, o chefe de Estado vincou a importância que atribui ao anúncio da adesão da Bulgária e da Roménia ao Centro Norte-Sul, considerando que se trata de "um resultado do maior interesse para o Conselho da Europa e para Portugal". "Este centro desempenha um papel importante no diálogo intercultural, o diálogo entre o espaço europeu e o espaço vizinho da Europa, em particular com o mundo islâmico, papel importante na difusão das ideias da democracia e da cidadania", frisou.

Ainda relativamente à dimensão política das suas visitas, o Presidente da República fez referência à convergência de posições em vários dossiês actualmente em discussão na União Europeia, nomeadamente a questão energética, o plano de investimentos e a imigração.

No plano económico, continuou, a receptividade dos políticos búlgaros e romenos foi "extremamente positiva", com os dois países a olharem para Portugal como "um exemplo", não só pela forma como desde sempre tem utilizado os fundos comunitários, como também pela forma como conseguiu ultrapassar os desequilíbrios macroeconómicos.

Por outro lado, no plano cultural, comprovou-se o grande interesse que Bulgária e Roménia manifestam relativamente ao ensino da língua portuguesa, acrescentou. "Demos a conhecer um Portugal moderno, que aposta na inovação, conquistou uma posição mais sustentável e que fez reformas para a competitividade das empresas", sublinhou.

Cavaco Silva foi ainda questionado sobre a forma "firme" como as instituições romenas estão a lidar com o caso do primeiro-ministro, Victor Ponta, que está a ser investigado por cumplicidade de evasão fiscal e branqueamento de dinheiro na época em que era advogado, entre 2007 e 2011, e se acha que em Portugal as autoridades estão a adoptar a mesma firmeza, numa alusão ao caso do ex-primeiro-ministro José Sócrates. "Não foi assunto que tenha tratado no meu diálogo com os Presidentes da República, nem tão pouco com o Governo", afirmou Cavaco Silva.

Sobre essa questão, o chefe de Estado adiantou apenas que, antecipando o que lhe poderia ser perguntado na conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo romeno, realizada na quarta-feira, esteve a “estudar” a directiva e o regulamento da União europeia sobre as transferências interbancárias. Nesses documentos, precisou, existe uma alínea que fala dos agentes que requerem uma "atenção particular", onde estão os agentes políticos, nomeadamente Presidentes da República, primeiro-ministro, ministros, membros tribunais, entre outros.

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