Cavaco: actual governador é dos poucos portugueses que sabem de política monetária

O Presidente da República aconselha os que não reconhecem o mérito de Carlos Costa a “estudar”. Cavaco Silva, em visita ao interior do país, avisa ainda que a Constituição e a lei vão ser para cumprir independentemente dos resultados das próximas eleições legislativas.

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Cavaco Silva considerou esta sexta-feira que Carlos Costa é a pessoa certa para estar à frente do Banco de Portugal e “um dos poucos” com competências para o cargo para o qual foi novamente reconduzido como governador. Aos críticos, o Presidente da República aconselhou a que “estudassem”.

“Aqueles que às vezes não reconhecem o trabalho do dr. Carlos Costa eu aconselhava a que estudassem a actuação dos bancos centrais nos países da Europa onde ocorreram resgates e liquidações de bancos. E quando se faz essa comparação, nós verificamos que o Banco de Portugal fica muito bem classificado e, por isso, é objecto de elogios que vêm do exterior”, sustentou Cavaco Silva em Tabuaço, no final de uma visita a concelhos do interior do país.

No dia em que o Governo reconduziu no cargo Carlos Costa, uma decisão que não agradou ao PS que considerou tratar-se da “mais partirizada” iniciativa dos últimos anos, o Presidente da República saiu em sua defesa e disse que o actual governador é um “produto escasso” e dos “poucos portugueses” que sabem de política monetária e técnicas bancárias. Lembrou ainda que Carlos Costa foi  nomeado por “um governo liderado pelo actual partido da oposição”.

“Quanto sei, em Portugal existe um número resumidíssimo de pessoas com a competência para exercer as funções de governador de um banco central no tempo da união monetária e da união bancária. Carlos Costa, na minha opinião, é uma dessas pessoas raríssimas”, sustentou, exemplificando com o caso do Banco Central inglês que “teve de ir ao Canadá” escolher o seu líder.

“Mas como sabe em Portugal diz-se frequentamente que à segunda-feira todos acertam no totobola”, ironizou.

“Actuarei no futuro como tenho actuado no passado”
Cavaco Silva, no dia em que escolheu usar a coesão territorial como tema principal dos seus discursos, falou sobre as próximas eleições legislativas e avisou que mesmo que resultem num governo minoritário irá cumprir com a “defesa do superior interesse nacional, o respeito da Constituição da República e da lei”.

“Actuarei no futuro como tenho actuado no passado e é isso que farei depois do acto eleitoral que irá ter lugar entre 14 de Setembro e 14 de Outubro”, sustentou.

O Chefe de Estado desdramatizou ainda o protesto da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) por causa do novo Estatuto dos militares, lembrando que o documento foi aprovado por “unanimidade e objecto de um diálogo aprofundado” entre o Governo e as chefias militares que “eu próprio estimulei”.

Competitividade no Interior
Em Tabuaço, Cavaco Silva aproveitou para lembrar que o programa comunitário Portugal 2020 vai ser o instrumento para a “redução dos desequilíbrios” entre interior e litoral, mas é preciso que o Governo “passe das palavras aos actos”, disponibilizando os recursos necessários para a coesão territorial.

“Penso que os autarcas com a sua capacidade de mobilizar energias locais, de promover a cultura do empreendedorismo, o apoio às pequenas e médias empresa, a inovação, a mobilização de empresários para aproveitamento de produtos locais e a captação de investimento do exterior têm aqui uma oportunidade que espero que seja devidamente aproveitada”, exortou.

Já em Moimenta da Beira, onde inaugurou uma escola e um lar em funcionamento, o Presidente da República defendeu que também devem ser as câmaras a terem mais responsabilidades na área da educação.

“Temos que ter a coragem de avançar mais significativamente na descentralização em matéria das decisões escolares, assumindo as câmaras municipais acrescidas responsabilidades nessa área”, disse. Aos pais e encerregados de educação deixou o conselho para que “se empenhem na colaboração com os professores e no acompanhamento dos filhos, para que, pelo menos, eles completem o ensino secundário”.

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