Cavaco renova votos para adesão da Turquia à UE

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Presidente da República escreve que o sucedido no Algarve demonstra "a alma de um povo" Adriano Miranda

O Presidente da República renovou nesta segunda os votos para a adesão da Turquia à União Europeia, apesar do "tempo difícil e exigente" que a Europa vive e que obriga a "mais e melhor" para promover o crescimento económico.

"A entrada da Turquia na União Europeia - que, como é sabido, Portugal sempre defendeu - enriquecerá a Europa com a sabedoria milenar de um povo com uma longa História, mas será também um elemento essencial para aprofundar o caminho de modernização, de democratização e de desenvolvimento que vem sendo trilhado nos últimos anos", defendeu o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, no banquete que ofereceu esta noite em honra do seu homólogo turco, Abdullah Gül, que iniciou hoje uma visita de Estado a Portugal.

Contudo, reconheceu, Portugal e a Europa vivem "um tempo difícil e exigente", com a crise financeira na zona euro a expor "fragilidades e desequilíbrios estruturais nas economias de vários estados-membros" e mostrando "a dificuldade das instituições europeias em responder adequada e atempadamente a uma situação sem precedentes".

"Têm vindo a ser tomadas importantes decisões e adoptados instrumentos a nível europeu para fortalecer o sistema de governação económica e a estabilidade financeira e para reforçar a confiança na moeda única. Mas, como tenho chamado a atenção, precisamos de fazer mais, e melhor, para promover o crescimento económico e o emprego", sublinhou.

Na sua intervenção, Cavaco Silva destacou ainda as boas relações existentes entre Portugal e a Turquia, país que visitou em 2009 e que classificou com a "síntese de dois continentes" que se tornou "um país moderno e aberto ao mundo, que dialoga com todas as civilizações e que convive com o pluralismo de crenças religiosas e a diversidade de ideologias políticas".

"O acordo alcançado entre os dois países sobre o regime de entrada de cidadãos nacionais na Turquia, uma questão que aguardava ser solucionada há vinte anos, é apenas o mais recente exemplo da cooperação que tem vindo a intensificar-se entre Portugal e a Turquia", sustentou.

Saudando a delegação empresarial que acompanha Abdullah Gül na visita a Portugal, Cavaco Silva, preconizou igualmente o aprofundamento do relacionamento económico entre os dois países, visto que se está "ainda longe de beneficiar em pleno do vasto potencial existente".

"Gostaríamos de convidar os empresários e os investidores turcos a olharem para Portugal como um estado-membro da União Europeia que lhes pode oferecer um ambiente favorável aos seus negócios e excelentes oportunidades de investimento e cuja proximidade linguística e cultural com países como o Brasil, Angola e Moçambique constitui, além disso, um ativo particularmente importante em matéria de cooperação triangular", declarou.

Do lado português, acrescentou, os empresários olham com grande interesse para a Turquia, nomeadamente pela sua situação geográfica.

Já no final da sua intervenção e recuperando uma ideia que já esta manhã tinha deixado após o encontro com o Presidente turco no Palácio de Belém, o chefe de Estado português voltou a elogiar o papel que a Turquia tem desempenhado em favor da estabilidade, segurança e paz, bem com o seu contributo para a resolução de "questões tão complexas e tão dramáticas, como a que se vive actualmente na Síria".

"A comunidade internacional não pode tolerar a tragédia humana que aí se verifica. Saúdo as autoridades turcas pelo esforço que têm vindo a demonstrar para fazer face ao drama dos milhares de refugiados sírios que têm procurado acolhimento no seu território", salientou.

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