Cavaco diz que Portugal é um dos países que fez e fará maiores doações à Grécia

Presidente reafirma o que o primeiro-ministro tinha afirmado e aconselha a consultar os "documentos oficiais" sobre as "doações" a Atenas entre 2012 e 2020.

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Cavaco Silva saiu em defesa de Passos Coelho ENRIC VIVES RUBIO

O Presidente da República afirmou esta quarta-feira que Portugal é um dos países que fez e fará maiores doações à Grécia entre 2012 e 2020, recusando em público fazer julgamentos sobre as negociações para evitar cacofonia entre Presidência e Governo.

À margem da inauguração do novo Radar Meteorológico do Norte, em Arouca, distrito de Aveiro, Cavaco Silva foi questionado sobre a situação da Grécia, afirmando que, como previa, o novo governo "tem vindo a ajustar as posições", o que "é positivo para que a Grécia possa continuar na Zona Euro".

De acordo com o Presidente da República, quem consultar os documentos oficiais com as previsões para 2012 até 2020 "constará que Portugal é um dos países que fez maiores doações e que irá fazer maiores doações à Grécia", podendo até analisar que, "em termos relativos, Portugal é o país que faz mais doações" nesse período.

"Portugal nunca recebeu nenhuma doação de nenhum país. Recebe empréstimos, paga os juros, irá fazer reembolsos", comparou.

Segundo Cavaco Silva, nestes documentos oficiais constam as transferências feitas para a Grécia em resultado das obrigações gregas que constam das carteiras dos bancos centrais dos países da zona euro, chamando-se doações, "aquilo que sai directamente do bolso dos contribuintes".

Interrogado sobre a razoabilidade das propostas gregas, Cavaco Silva começou por afirmar que a "quem compete analisar a proposta da Grécia é aos governos representados nas instituições" e que não quer "fazer julgamentos porque, em matéria de política externa, tem que existir sintonia, em público, entre aquilo que diz o Governo e aquilo que diz o Presidente da República".

"Porque o pior que pode acontecer na defesa dos interesses nacionais é alguma cacofonia entre as instituições, por isso, em público, eu não faço julgamentos sobre aquilo que pode estar em discussão", justificou.

Apesar de não haver ainda acordo entre o governo grego e as instituições europeias - porque "todos os outros países unanimemente, independentemente da cor partidária dos governos, não aceitaram as propostas gregas" -, o chefe de Estado vê "uma evolução positiva", esperando que "se dêem passos que permitam que rapidamente se chegue a um entendimento, a um acordo, por forma a eliminar a incerteza".

"Mas porque é que todos os Governos, 18, não têm aceite as propostas da Grécia? Porque estão convencidos que a aplicação dessas propostas afectaria negativamente o bem-estar dos seus cidadãos", evidenciou.

Cavaco Silva evidenciou que "é bom para a Europa que a Grécia continue no Euro" e recordou o Tratado de Lisboa, onde se refere que "a política económica de cada estado-membro é matéria de interesse comum de todos, que ninguém pode fazer aquilo que quer sem consultar os outros".

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