Cavaco contra faits divers, intrigas, agressividades, crispações e insultos na política

Presidente avisa que Orçamento do Estado não pode ser um factor de instabilidade do sistema fiscal e garante que o país está preparado para uma nova fase, para uma “economia avançada e dinâmica”.

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O tribunal valorizou o facto de Cavaco Silva não ser Presidente da República quando fez a transacção Daniel Rocha

Cavaco Silva afirmou esta terça-feira que “há um sentimento positivo em relação à evolução da economia portuguesa". Perante uma plateia de empresários reunidos em Oliveira de Azemeis, afirmou que são as empresas "e não as intrigas, as agressividades, as crispações, os insultos entre agentes políticos, que promovem o crescimento económico, a criação de emprego e a conquista de novos mercados.”

Foi já no final de um almoço com empresários, no âmbito do Roteiro para uma Economia Dinâmica, que o Presidente da República lançou a farpa para o ar, numa clara alusão ao clima de campanha eleitoral em que o país já vive. Um aviso sem mais explicações nem direito a perguntas.

Mas não foi o único. Ao Governo também deixou um alerta claro: “O Orçamento de cada ano não pode ser um factor de instabilidade do sistema fiscal”.  Tanto mais quando acredita que a economia está já numa fase ascendente.

Cavaco Silva defendeu a necessidade de o país ter um sistema fiscal competitivo e estável e, por isso, apontou o dedo às sucessivas alterações que chegam com cada Orçamento do Estado. Na sua opinião, as regras fiscais só devem ser alteradas em prazos mais espaçados para não criar instabilidade a quem quer investir no país.

O Presidente da República acredita que os sinais que chegam de várias direcções – exportações a aumentar, importações a descer, capacidade de financiamento em relação ao exterior como não acontecia há anos, conquista de novos mercados e aposta na internacionalização de empresas em territórios pouco explorados – garantem que a economia nacional vai continuar a crescer.

Para o Presidente da República há um percurso já feito, mas há ainda caminho para percorrer. Em seu entender, é hora de “preparar alicerces fortes da economia avançada e dinâmica e, para isso, é preciso reforçar os mais variados factores de competitividade”. E é precisamente nesse sentido que revelou estar a ser negociado um acordo de parceria entre o Governo e a Comissão Europeia. 

“Num quadro de escassez de crédito, num quadro de carga fiscal bastante elevada, os empresários portugueses, nos últimos anos, foram verdadeiros heróis”, referiu. Competitividade é, para Cavaco Silva, a palavra-chave. “O desafio que temos à nossa frente é o de criar uma economia avançada e uma economia dinâmica”.

O Presidente da República valoriza a competitividade e a visão do tecido empresarial com dados concretos: aumento das exportações, aumento de quotas de mercado, descida da taxa de desemprego, investimentos em territórios que até agora não estavam na primeira linha das preocupações das empresas portuguesas, como África do Sul, Angola, Moçambique, México, Brasil e vários países asiáticos. E insistiu na palavra “heróis”: “Nos últimos anos, os nossos empresários foram verdadeiros heróis na conquista de novos mercados, apostando naquilo que nos diferencia dos países que têm a sua competitividade baseada nos baixos salários”.

Economia pode crescer 2% em 2015
Cavaco Silva fala numa nova fase da vida do país. “Dentro de menos de um mês chega ao fim o programa de ajustamento”, etapa em que o país poderá continuar a crescer. “Os dados que, neste momento, tenho disponíveis apontam para a consolidação da recuperação da economia portuguesa”, referiu, adiantando que este ano o crescimento económico deverá atingir 1,5% e que em 2015 possa chegar aos 2%.

No almoço de empresários em Oliveira de Azeméis, que contou com as presenças do estilista de calçado Luís Onofre, do presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, António Saraiva, e do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Emídio Gomes, entre outras personalidades, o presidente da câmara Hermínio Loureiro pediu a Cavaco Silva que use o “seu saber, a sua experiência e a sua inteligência, para sairmos airosamente desta encruzilhada que nos atormenta e preocupa”.

O autarca elogiou ainda os empresários da região, a capacidade de afirmação em mercados altamente competitivos. “Se existissem mais concelhos como este [Oliveira de Azeméis] seguramente não tínhamos de passar por tantos sacrifícios e dificuldades.”

O chefe de Estado visitou, esta terça-feira de manhã, duas empresas: a Indasa - Indústria de Abrasivos, em Aveiro, e Polisport Plásticos, em Oliveira de Azeméis. À tarde está em Felgueiras para uma visita à empresa de calçado Felmini, seguindo depois para a TMG Automotive em Guimarães. 

Notícia substituída às 15h45

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