Cavaco avisa que, se a Europa “fizesse a sua parte”, Portugal estaria melhor

Presidente critica líderes europeus numa altura em que a troika está em Portugal.

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Cavaco com o Presidente colombiano Reuters

Os portugueses têm feito sacrifícios para ajudar a melhorar a situação económica portuguesa, mas o Presidente da República acredita que, “se a Europa fizesse aquilo que é a sua parte, as coisas estariam melhores em Portugal e também na Europa”.

Este recado directo aos líderes europeus, numa altura em que os representantes da troika se encontram em Portugal, foi deixado por Cavaco Silva na terça-feira à noite em Bogotá, na Colômbia (já madrugada de quarta-feira em Lisboa), durante um discurso perante a comunidade lusa residente naquele país sul-americano.

“A Europa e Portugal estão a passar por momentos difíceis”, afirmou o Presidente numa recepção na embaixada portuguesa. “É fundamental que a Europa encontre, o mais rapidamente possível, soluções que promovam o crescimento económico e o emprego”, defendeu Cavaco Silva, acrescentando que “a Europa não está bem quando tem 26 milhões de desempregados”.

“Algo não está bem no caminho que a Europa tem vindo a trilhar para responder à crise da zona euro quando não consegue conter o crescimento do desemprego e as perspectivas para este ano também não são favoráveis”, considerou o chefe de Estado português.

É necessário, defende Cavaco Silva, “que os líderes europeus percebam que é preciso prestar uma atenção muito mais forte à promoção do crescimento económico e do combate ao desemprego”. Os portugueses estão a fazer a sua parte, considera o Presidente da República: “Da parte de Portugal, com sacrifícios, estamos a fazer o que nos compete. Gostaríamos que a Europa fizesse aquilo que é a sua parte. Se a Europa fizesse aquilo que é a sua parte – e Portugal está a fazer a sua –, as coisas estariam melhores em Portugal e também na Europa.”

Foi a primeira vez, durante a visita à Colômbia que termina nesta quarta-feira, que o Presidente da República se referiu às dificuldades que a Europa atravessa. Até aqui, nos vários discursos que fizera perante plateias com responsáveis colombianos, Cavaco Silva preferira realçar as vantagens da ligação portuguesa à Europa, defendendo que Portugal pode servir como porta de entrada para os empresários sul-americanos no vasto mercado do velho continente, com 500 milhões de habitantes da zona euro.

O chefe de Estado também apelou à comunidade portuguesa na Colômbia que promova o seu país além-fronteiras, precisamente para ajudar Portugal neste momento difícil. Como? Falando dos avanços tecnológicos conseguidos pelo país, da sua modernidade – de que a aposta nas energias renováveis ou o design e qualidade dos têxteis e calçado, que já competem com os italianos, são bons exemplos, citou Cavaco –, mas também das suas excelentes condições geográficas, tanto para o turismo como para a realização de negócios com a Europa. A que se soma o facto de o português ser a língua mais falada no hemisfério sul.

Cavaco Silva pediu aos portugueses ali radicados que convidem os amigos locais e colegas de trabalho a visitarem Portugal e a passarem esta imagem do país.

Na recepção que decorreu na casa do recém-nomeado embaixador de Portugal em Bogotá, o Presidente da República condecorou com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique um investigador colombiano, Jerónimo Pizarro, que em 2009 pediu a nacionalidade portuguesa, pelo mérito de divulgar a cultura nacional na Colômbia. Pizarro é o comissário do pavilhão de Portugal na Feira do Livro de Bogotá.

Nesta quarta-feira, Cavaco Silva dá mais uns passos na aproximação comercial e cultural entre Portugal e a Colômbia, encerrando um seminário empresarial onde participam pelo menos 70 empresas nacionais que ou já se encontram a laborar no país ou vieram fazer exploração do mercado. Depois, ao fim da tarde (já noite dentro, em Portugal), o Presidente participa na inauguração da Feira Internacional do Livro de Bogotá, em que Portugal é o país convidado de honra, e para a qual está preparado um intenso programa com escritores, arquitectos, músicos, ilustradores, entre outros, num total de mais de uma centena de iniciativas.

O PÚBLICO viaja a convite da Presidência da República

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