Cavaco aponta património e agricultura como apostas para o pós-troika

Presidente da República falou da evolução da agricultura portuguesa desde que foi primeiro-ministro.

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A agricultura foi um dos temas principais no discurso de Cavaco Nuno Ferreira Santos

“Temos de localizar e aproveitar as nossas potencialidades, que existem e são muitas”, defendeu Cavaco Silva no seu discurso das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, este ano em Elvas.

Porque “Portugal necessita urgentemente de preparar o período pós-troika através de uma estratégia de crescimento geradora de emprego, Cavaco gastou quase todo o seu discurso a falar de sectores que considera estratégicos. A começar pelo património cultural.

“Um estudo recente concluiu que o património histórico é um dos domínios em que se verifica maior crescimento do contributo do sector cultural para a riqueza nacional”, afirmou, defendendo que haja uma “especial atenção à salvaguarda e valorização” do património.

Mas foi na agricultura que o Chefe de Estado se centrou, aproveitando estar no Alentejo. E fez um discurso que faz remontar ao tempo em que foi primeiro-ministro, entre 1985 e 1995.

“Há quem sustente que a adesão de Portugal às Comunidades [em 1986] implicou a destruição do mundo rural e a perda irreversível da nossa capacidade produtiva no sector primário. Este retrato é completamente desfasado da realidade”, afirmou.

Ao longo do seu discurso, Cavaco Silva desfiou números e argumentos para demonstrar o que dizia. “Há cerca de 30 anos, tínhamos um sector agrícola profundamente estagnado e descapitalizado, padecendo de fortes limitações estruturais”. Mas hoje, contrapõe, “a produtividade da terra cresceu 22% e a produtividade do trabalho agrícola aumentou 180%”.

Mas não só. Cavaco reconhece que o mundo rural do passado desapareceu, mas congratula-se com isso. “Ao atraso do mundo rural estava associado o atraso das suas populações, que viviam em condições precárias, com níveis de analfabetismo muito elevados”.

Para mostrar o sucesso daquilo que foram as opções que tomou então como chefe de Governo, Cavaco afirmou: “Em 30 anos, conseguimos mudar práticas ancestrais que obrigaram sucessivas gerações de portugueses a viver desigualdades iníquas, absentismo dos proprietários, dramas de fome e miséria, precárias condições de higiene e saúde, analfabetismo transmitido de pais para filhos, migrações sazonais internas ou, no limite, o êxodo rural para as cidades ou para o estrangeiro. A paisagem social dos nossos campos mudou – e muito”, sublinhou.

Concluindo que “a evolução da nossa agricultura constitui um bom exemplo da necessidade de abandonarmos ideias feitas e preconceitos, de ultrapassarmos a tendência para o derrotismo e o pessimismo ”.
 
 

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