Catarina Martins acusa Governo de querer destruir consenso sobre o Estado social

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Catarina Martins defende que “Governo tem de ser parado e temos de ter mudanças concretas” Pedro Cunha/arquivo

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins disse neste sábado, em Vila Nova de Gaia, que “o Governo quer destruir” o consenso sobre Estado Social “que foi construído com o 25 de Abril”.

A dirigente bloquista atacou ainda o ministro da Educação, Nuno Crato, porque “decidiu do pé para a mão, a cinco meses de começar o próximo ano lectivo, sem nenhum período experimental, alterar os programas de Matemática” para o ensino básico.

Catarina Martins disse que a alteração anunciada significa “experimentalismo com um milhão de crianças, que o Governo quer começar em Setembro”. “Não podemos permitir que aconteça”, afirmou, acrescentando ainda que este “é o Governo do autoritarismo e Nuno Crato é a cara desse autoritarismo”. “Até a Sociedade de Matemática, que fundou, está contra isso”, salientou.

Catarina Martins referiu também que Nuno Crato mentiu ao garantir “há um ano, quando despediu milhares de professores contratados, que não iria despedir um único professor do quadro”. “Era mentira, como está à vista”, concluiu a esse respeito.

A dirigente sustentou que, “com este anunciado fim de 12 mil vagas, o que o Ministério da Educação pretende é colocar professores em horário zero, para a seguir os levar para a mobilidade, que é a antecâmara dos despedimentos massivos que o Governo está a preparar em toda a função pública”.

A coordenadora do BE falava na sessão de apresentação dos candidatos do seu partido à Câmara de Gaia, o economista Eduardo Pereira, e à Assembleia Municipal local, o dirigente sindical Jorge Magalhães. As suas primeiras palavras, porém, foram para Luís Filipe Menezes, presidente da autarquia local há 16 anos, o que a para Catarina Martins é “tempo a mais” para o exercício desse cargo.

Criticou, por outro lado, o candidato do PSD à Câmara de Gaia, Carlos Abreu Amorim, porque “foi um dos principais defensores, na Assembleia da República, do corte cego nas freguesias e é agora um regionalista descentralizador”. “Não podemos aceitar tamanha hipocrisia”, referiu.

Catarina Martins centrou depois a sua atenção no Governo, porque “vem agora, depois de ter falhado em tudo e da destruição que deixou à vista, falar de consensos”. “Como podemos nós aceitar que a política se possa transformar numa coisa tão vazia, que quem faz a destruição tenha a falta de vergonha de falar em consenso”, questionou.

Em Portugal, prosseguiu, “há quase 40 anos de consenso sobre democracia e de consenso sobre estado social”. “Trabalhamos e, solidariamente, contribuímos para um Estado social: quem ganha mais paga mais impostos, quem ganha menos paga menos impostos e todos defendemos que tenhamos acesso à escola, à saúde e à segurança social. Esse é o consenso que foi construído com o 25 de Abril e este Governo quer destruir este consenso”, afirmou.

“Mais uma vez, destruição. Destruir o único consenso que existe em Portugal é o único objectivo deste governo”, resumiu. A dirigente bloquista frisou que “Portugal é neste momento, e vergonhosamente, o país da Europa que menos investe em Educação: 4% do PIB. Estamos a nível da Indonésia". “Este Governo tem de ser parado e temos de ter mudanças concretas”, defendeu.

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