Catarina, a grande nas ruas

Para o Bloco, a Constituição é clara e Cavaco chamará o partido com maior bancada parlamentar.

Foto
Catarina Martins, líder do BE, durante a campanha NUNO FERREIRA SANTOS

Com apenas 1,50 de altura, a porta-voz do Bloco de Esquerda Catarina Martins tem neste momento um tamanho bem maior nas ruas. As pessoas vão ter com ela, cumprimentam-na, querem tirar fotografias e garantem-lhe um voto a 4 de Outubro, nas eleições legislativas. Foi assim no final da manhã deste sábado em Matosinhos.

Se os abraços na rua forem verdadeiros, não serão apenas os mais jovens a votar no Bloco. Lúcia Marques, reformada de 69 anos, assegura que o vai fazer, já não acredita na direita. Elogia a “força” de Catarina Martins, o desempenho que teve nos debates televisivos.

O Bloco parte esta campanha com fôlego e ânimo. Depois de tantos beijinhos e selfies com famílias, a porta-voz, que esteve acompanhada de José Soeiro – número dois pelo Porto, distrito que nas legislativas de 2011 elegeu dois deputados – pisca o olho a alguns membros da caravana, a manhã está a correr bem.

O único senão foi mesmo a música Mr. Saxobeat de Alexandra Stan – “You make me dance/ Bring me up/ Bring me down” – que ecoava na zona do Porto de Leixões e abafava não só o descontraído som dos tambores e das gaitas-de-foles do Bloco, como as conversas que Catarina Martins ia tendo com os transeuntes.

“Quando as pessoas reconhecem as propostas, que o país está mal e que há uma alternativa, aderem a essa ideia de que é possível mudar. É bom sabermos que o Bloco de Esquerda conseguiu pôr nos debates, nas entrevistas, no centro, a política e não se pôr a falar de abstracções que não diziam nada às pessoas. Esse nosso esforço de falar da vida concreta das pessoas e de apresentar alternativas é reconhecido”, disse a porta-voz à margem da acção.

“Sondagens não são votos”
Catarina Martins foi ainda questionada pelos jornalistas sobre a manchete do Expresso, segundo a qual o Presidente da República Cavaco Silva dará posse a quem tiver mais mandatos: “Não precisamos de inventar muito. Temos 40 anos de democracia, temos uma Constituição que é clara. O Presidente chamará o partido que tiver a maior bancada parlamentar para formar um Governo. Não percebo muito bem por que há todo esse debate.”

A porta-voz acrescentou ainda que “quem olha para as sondagens já percebeu claramente que há uma bancada parlamentar que vai ter muito mais deputados”: “Isto é um bocadinho querer alimentar falsos empates para obrigar a uma bipolarização que é tudo menos alternativa e é tanto de alternância.”

Para Catarina Martins, sondagens “não são votos”, nem isso deve estar no centro da campanha. “Vão sair todos os dias sondagens, vai falar-se de empates, é assim nas eleições. Sondagens a falarem de empates tornam a vida muito mais interessante aos comentadores e aos analistas, mas as pessoas, que já vivem há tantos anos com alternância e que já ouviram tantas vezes a história do empate, se calhar agora preferem desempatar a sua vida”, afirmou.

Devido a um problema mecânico, a caravana do Bloco ficou retida na estação de serviço de Torres Vedras e a iniciativa que estava marcada para as 11h00, na feira da Boa Hora, em Matosinhos, foi adiada para as 12h30 para a zona do Porto de Leixões – que estava aberto a visitas, como acontece uma vez por ano.

Perto dessa feira – onde também se agitavam bandeiras do PDR e passavam carrinhas com altifalantes da coligação Portugal À Frente – já era visível nas conversas que Catarina Martins cresceu em notoriedade junto das pessoas. Falava-se da “bagagem” da porta-voz e de como tinha metido “num bolso” os líderes da coligação de direita Passos Coelho e Paulo Portas, nos debates televisivos.

Nesta manhã, Catarina Martins recebeu oxigénio e “energia” para o muito que ainda falta até 4 de Outubro: disseram-lhe que estavam com ela a 100 por cento e que “coelhos há muitos”. A porta-voz garantiu: “Vamos mudar isto.”

 

 

Sugerir correcção
Ler 2 comentários