Caso BES é exemplo da “ligação entre o poder político e o poder financeiro”, diz Manuel Monteiro

Antigo líder do CDS comenta caso BES e critica proximidade de políticos da direita portuguesa com o sector bancário.

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Daniel Rocha

Manuel Monteiro, antigo líder do CDS, afirmou ao PÚBLICO que “a quantidade de consultores” do sector bancário que são políticos, “é um exemplo da permanente ligação entre o poder político e o poder financeiro”. Isto porque, “num país tão pequeno nada se passa sem que haja ligações entre todos”. E concretiza que “nomeadamente o Banco Espírito Santo tem tido ao longo dos anos pessoas ligadas à direita portuguesa”. O antigo deputado à Assembleia da República considera que “este é um dos problemas centrais da democracia portuguesa”.

Indo mais longe, Monteiro afirma que os responsáveis dos “partidos da área da direita portuguesa, ao longo dos anos, têm circulado de uma forma constante entre tomar posições políticas e dar pareceres para empresas da área financeira”. E conclui que “é óbvio que se perde a independência de ambas as partes e que isso prejudica o funcionamento da democracia.

Monteiro considera que “é lamentável percebermos o Estado a que chegámos perante uma conivência cúmplice e silenciosa da própria direita portuguesa”. E precisa: “A direita, tal como eu sempre a entendi, não é aquela que se rende perante a ausência de valores, nos quais a ética e a honra têm de estar sempre presentes em qualquer sociedade. Aquilo que se verifica é que a direita com responsabilidades em Portugal ou vai atras do prejuízo ou é conivente com o prejuízo.”

O antigo líder do CDS sustenta que esta situação leva a que “face a todas as soluções que são encontradas, a primeira reacção é de desconfiança em relação aos políticos que as tomam”. No seu caso particular garante que tem “a maiores dúvidas na solução encontrada”, pelo que considera que “a história dirá a quem isto beneficiou principalmente”.

As dúvidas de Monteiro prendem-se ao facto de Portugal ter “um tecido empresarial cujo grau de endividamento, que ficou no banco bom, estava dependente e associado a acções e obrigações que ficaram no banco mau”. Uma situação que, na sua opinião, “pode vir a gerar gravíssimos problemas de tesouraria por parte considerável de pequenos e médios empresários”.

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