Carlos Pereira quer devolver credibilidade ao PS-Madeira

Socialistas madeirenses elegem hoje o seu 9.º líder em sufrágio com candidato único.

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Carlos Pereira DR

Carlos Pereira será eleito esta sexta-feira presidente do PS-Madeira com a “missão” de reorganizar o partido, que saiu como um dos grandes derrotados das eleições regionais de 29 de Março.

O actual líder parlamentar do PS na Assembleia Regional e ex-vice-presidente do partido é o único nome que se apresenta às eleições internas do partido, marcadas após a demissão do anterior líder, Victor Freitas, ainda durante a noite eleitoral.

O resultado foi desastroso. Não só o PS ficou atrás do CDS-PP como ainda viu o grupo parlamentar passar de seis para cinco deputados. Victor Freitas assumiu a responsabilidade pela estratégia da coligação ‘Mudança’  - PS, PTP, PAN e MPT - e demitiu-se, deixando a porta aberta para Carlos Pereira, que já a tinha tentado abrir no Verão passado.

“Não concordei com a estratégia [coligação] e disse-o na altura, defendi que o melhor para o partido e para a Madeira seriam directas para escolher a liderança”, recorda Carlos Pereira que se demitiu então da vice-presidência do partido.

A ideia seria “capitalizar” esse debate interno junto da opinião pública, como veio a acontecer com o PSD no processo de sucessão de Alberto João Jardim. “O PSD beneficiou desse processo, teve espaço nos media e conseguiu passar uma imagem de renovação, e nós ficamos presos a uma coligação que à partida todos sabiam que não reunia a confiança dos madeirenses.”

As eleições internas em Lisboa, nas quais Carlos Pereira apoiou António Costa e Victor Freitas esteve ao lado de António José Seguro, também contribuíram para o distanciamento entre ambos.

Mas o tempo, afirma, é de olhar para o futuro, não de encontrar culpados. “Todos nós fomos responsáveis. Não apenas o líder, mas todos nós.” Por isso, Carlos Pereira quer todos e conta com todos. “Não vou conseguir sozinho resolver todos os problemas, mas tenho o dever de reorganizar o partido”, admite, consciente das dificuldades em devolver “credibilidade” ao PS-Madeira e afirmá-lo como alternativa ao PSD.

"Estamos num novo ambiente político e temos de ser capazes de nos reposicionar", explica, afirmando que o PS é o único partido com condições para ser alternativa ao PSD. “No recente debate do Programa de Governo, o CDS-PP absteve-se, tal como o Juntos Pelo Povo (JPP), o que significa que deram um voto de confiança ao Governo. Fomos os únicos que votamos contra, porque, embora concordando com algumas medidas, temos uma visão global diferente”, justificou.

Conselho estratégico com independentes
Carlos Pereira leva ao XVII Congresso do PS-Madeira, marcado para os dias 27 e 28 de Junho no Funchal, a moção política ‘Responsabilidade e Confiança’. “O PS não pode ser um partido de protesto, mas sim uma força política responsável e de alternativa”, defende. Para isso, para devolver a credibilidade ao partido, Carlos Pereira propõe a criação de um “fórum consultivo” composto por ex-deputados, ex-militantes e até ex-líderes.

“O PS-Madeira tem um património programático e de pessoas que não pode ser esquecido”, diz, prometendo também abrir o partido a independentes através da criação de um “conselho estratégico” de forma a perceber o que a sociedade pretende dos socialistas.

Sobre o relacionamento com o Governo, Carlos Pereira admite votar muitas das propostas que têm sido apresentadas – “algumas foram ‘roubadas’ à oposição” -, mas não encontra “desígnio estratégico” no Programa de Governo. “Essa é a grande diferença entre nós. O PSD-Madeira é muito seguidista em relação à Direção Nacional, e o PS coloca os madeirenses em primeiro lugar.”

O novo líder dos socialistas madeirenses tem 43 anos, é economista, e foi candidato à Câmara do Funchal em 2005, acabando por ocupar o cargo de vereador. É perito independente da Comissão Europeia para o programa Horizonte 20/20. Em termos profissionais é consultor e administrador de empresas.

Nono líder dos socialistas madeirenses
Carlos Pereira é o 9º líder do PS-Madeira e o primeiro pós-Jardim. Em mais de três décadas de Autonomia Política, o PS-Madeira nunca conseguiu afirmar-se junto do eleitorado como uma alternativa aos social-democratas.

Os líderes sucederam-se à cadência de cada ciclo eleitoral. Gil Martins, João da Conceição, Emanuel Jardim Fernandes, Mota Torres, José António Cardoso, João Carlos Gouveia, Jacinto Serrão e Victor Freitas tentaram sem sucesso destronar Alberto João Jardim, mas nem chegaram a fazer ‘sombra’.

Nas últimas regionais, o PS liderava a coligação ‘Mudança’, mas acabou por obter pior resultado do que em 2011, quando concorreu sozinho.

O melhor resultado dos socialistas em eleições regionais foi em Outubro de 2004, quando conseguiram 27,41% dos votos e elegeram 19 dos 68 deputados da Assembleia Legislativa da Madeira.

Em termos autárquicos, o PS-Madeira tem conseguido ao longo dos anos conquistar algumas câmaras e, numa coligação liderada pelos socialistas mas encabeçada por um independente, conquistou nas últimas autárquicas a Câmara do Funchal.

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